Seja para descansar ou se divertir, um lugar para curtir a natureza

Um lugar bom para descansar e deixar a preguiça tomar conta, ou um lugar para curtir a natureza, se divertir e até voltar a ser criança? Reservamos um sábado de outubro para conhecer um lugar que oferece um pouco de cada opção: o Aparauá Ecoaventura (Engenho Massaranduba do Norte), em Goiana-PE. O Aparauá também é uma boa opção para ir com as crianças, fazer confraternizações e turismo pedagógico.

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PARA SE DESLIGAR DO MUNDO

O engenho possui várias redes para você se esticar, sob árvores ou às margens do açude, além de espreguiçadeiras e pufes. O lugar é bem tranquilo e ventilado, o que torna impossível não querer deitar e cochilar um pouco – até porque dependendo do movimento, você só vai ouvir a natureza.

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Se você quer mesmo descansar e se desligar do mundo, uma informação importante (e muito boa) é que lá celular não tem sinal. Ou seja, um dia sem checar, postar, atender, stalkear… celular só para tirar foto!

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PARA SE DIVERTIR

O Aparauá possui atividades simples, como banho de bica, passeio de barco, pesque e solte, trilhas a pé e de bicicleta. São três tipos de trilha: leve, média e pesada. Fizemos a leve (R$ 5 por pessoa), que é bem rápida, e optamos pelo trecho com subidas. Durante a caminhada, o guia falou sobre algumas árvores nativas e contou um pouco da história do engenho.

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O melhor foi poder relembrar um pouco da infância. Quando eu imaginaria poder voltar a descer num escorrego, tomar banho de bica e me pendurar num balanço de corda e madeira sob uma árvore?

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E a expectativa é que fique melhor, pois, conversando com os funcionários, soubemos que estão previstos outros atrativos ainda neste ano, como tirolesa, rapel e pedalinho.

LEVE DINHEIRO

Por não ter celular, internet ou telefone, o lugar não aceita cartão. Assim que você chega, recebe uma comanda numerada e paga tudo no final, em dinheiro. As entradas custam R$ 5 (crianças de 6 a 12 anos) e R$ 10, e algumas atividades são pagas, com preços que vão de R$ 3 (pescaria) a R$ 10. Também tem guarda-volumes (R$ 5) individuais para quem quiser alugar. O cardápio traz algumas opções de lanches (a partir de R$ 5), petiscos e almoço (a partir de R$ 50 e que servem duas pessoas).

Não esqueça de levar toalha, roupa de banho, calçados e calça para as trilhas, protetor solar e repelente. Além de máquina fotográfica, claro. Vale lembrar que, de segunda a sexta-feira, o Aparauá só abre para grupos fechados.

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COMO CHEGAR
O Aparauá fica na estrada de Pontas de Pedra (PE-49), depois de Tejucupapo e Carne de Vaca, mais precisamente no quilômetro 20. Para chegar lá, basta seguir pela BR-101 Norte e pegar a via à direita, seguindo a sinalização para a praia de Pontas de Pedra. A estrada é boa e bem sinalizada, mas por cortar um canavial, é preciso ficar atenta/o às queimadas, pois a fumaça pode invadir a pista e provocar acidentes.

É um lugar fácil de chegar, tranquilo e interessante. A gente pretende voltar com a família ou com os amigos.

SITE: www.aparaua.com.br 

Cada rótulo uma história: o Museu da Cachaça, em Lagoa do Carro-PE

Na pequena Lagoa do Carro, a 60 km do Recife, você pode passear pela história da cachaça, conhecer como ela é produzida e se impressionar com cerca de 7.500 rótulos expostos. É lá que fica o Museu da Cachaça, que visitamos no início de outubro.

O lugar foi fundado em 1998 pelo empresário José Moisés de Moura, que decidiu abrir sua coleção particular para visitação. Não tivemos oportunidade de conhecê-lo, mas fomos muito bem atendidos pela guia do local, que explicou detalhadamente cada espaço e contou a história do museu.

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O Museu da Cachaça é dividido em quatro ambientes. No primeiro, o visitante passeia pelas histórias de diversas cachaças e aguardentes de todo Brasil, divididas por temas, por localização geográfica. Um mapa de Pernambuco pintado na parede com exemplares já produzidos por aqui dá uma noção de quantos engenhos se perderam no tempo ou foram “engolidos” por grandes marcas.

Lá também se encontram exemplares raros, como uma garrafa da Monjopina – a 1ª aguardente industrializada do Brasil, produzida pelo Engenho Monjope (Igarassu-PE), em 1756 – e a Caninha Pelé, lançada na década de 70 em homenagem ao “Rei do Futebol”, mas que teve a produção encerrada por não ter a aprovação do jogador.

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A segunda e principal sala do museu é onde estão expostas cerca de 7.500 garrafas da coleção (hoje com mais de 13.800 exemplares). É possível passar horas viajando pelos nomes, histórias e ilustrações de tantos rótulos de cachaças e aguardentes, divididos por estados.  Lá também são encontrados destilados de várias partes do mundo.

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Neste ambiente, você vai perceber os efeitos do tempo e da umidade em algumas garrafas. São detalhes que podem incomodar um pouco, mas, na minha opinião, não diminuem a riqueza histórica deste lugar. É preciso compreender que o museu é mantido com recursos próprios e que cobra taxas de apenas R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada).

Na área externa, há várias peças e reproduções de ambientes que rendem fotos divertidas. Na lojinha, você pode degustar, comprar aguardentes, cachaças artesanais e industrializadas, além de souvenirs.

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FÁCIL DE CHEGAR
É bem fácil encontrar o Museu da Cachaça. O percurso é bem sinalizado, aliás, com placas bem características.

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Diariamente, das 9h às 17h.

Parada rápida na Acerolândia

Vindo da Zona da Mata Norte pela BR-408, uma boa pedida é fazer uma parada na Acerolândia, em Paudalho. O local oferece várias opções de lanche rápido e de distração para crianças e adultos.

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O cardápio tem uma variedade de lanches fritos, salgados, doces e bolo, mas os destaques são os sucos e, claro, os mais famosos picolé e sorvete de acerola.

BOM E BARATO
Lá também vende coco verde, frutas e mudas, mas sempre que podemos paramos lá para comprar polpa de frutas, que são bem baratas (produtos registrados no Ministério da Agricultura). Os preços vão de R$ 4,80 (o quilo da polpa de cajá) a R$ 10,80 (um quilo de polpa de graviola).

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Vale a pena visitar o Museu Seu Alcindo, que funciona dentro da Acerolândia. Você vai encontrar objetos antigos – e nem tão antigos assim – que fizeram parte do cotidiano da zona urbana e da zona rural. Telefones, máquinas fotográficas, máquinas de escrever, computadores, celulares… é bem legal!

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Diariamente, das 7h30 às 17h30.

Tracunhaém: um passeio pelos ateliês (Parte II)

Para quem tem disposição e curiosidade de sair descobrindo as cidades aos poucos, em Tracunhaém a dica é visitar os ateliês. Geralmente eles funcionam nas próprias casas dos artesãos, e isso – como tudo na vida – tem suas facilidades e dificuldades.

Vamos começar pelas facilidades. Ao visitar um ateliê, você provavelmente vai conhecer o artista e vê-lo trabalhar com sua equipe. Além de saber os detalhes sobre a elaboração das peças, é possível também negociar e fazer sua encomenda – dizer o tamanho da peça que você deseja, algum detalhe especial ou a quantidade, por exemplo.

A dificuldade que encontramos foi justamente para localizar os ateliês. Tudo que nós tínhamos era um mapa encontrado em um site, e que nos ajudou bastante: através dele chegamos ao Centro de Artesanato, e localizamos três ateliês. Mas facilitaria bastante se o município contasse com uma sinalização específica para isso (tipo uma Rota dos Ateliês, quem sabe?) e algum material impresso, com mapinhas, distribuído no Centro de Produção Artesanal.

Fomos ao ateliê do Mestre Zuza, localizado na mesma calçada do Centro de Artesanato, mas havia um grupo gravando um vídeo com ele, então decidimos não atrapalhar. Seguimos para o Ateliê do Zezinho (Zezinho de Tracunhaém), onde fomos recebidos por dois dos seus filhos, Nando e Carlos. 

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Ao entrar na casa, você logo encontra pinhas, esculturas e presépios, que, por sinal, são ótimas opções para presentear nesta época do ano.

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Também acompanhamos o trabalho cuidadoso dos artistas no torno e na montagem das pinhas.

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Em resumo, o Centro de Artesanato é mais indicado para quem quer fazer um passeio rápido. Já para quem quer conhecer o artesanato de Tracunhaém mais a fundo, o ideal é passear pelos ateliês. Em ambos os casos, fique atento à dica abaixo.

LEVE DINHEIRO
Um amigo meu já tinha dado essa dica, mas eu confiei no meu senso de economia (pãodurice) e levei bem pouco. Mas aí, à medida em que você começa a ver as peças, inevitavelmente, começa a imaginá-las sobre algum móvel da sua casa, da casa dos pais, dos avós…

O detalhe é que muitos locais não aceitam cartão de crédito/débito, e a cidade tem poucas opções para sacar: apenas uma agência de um banco privado e uma casa lotérica, no centro. Então, para evitar perder tempo procurando onde sacar, não esqueça: leve dinheiro.

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PARA A PRÓXIMA VISITA
Enquanto escrevíamos este post, encontramos uma lista com endereço e contatos de vários artesãos. Já está aqui, para utilizarmos na próxima visita.

Tracunhaém: boas histórias modeladas no barro (parte I)

Um artesão de Tracunhaém, interior de Pernambuco, descobre que suas peças estão sendo negociadas pelo dobro do preço no Sudeste do país, então reúne a família e parte para o Rio de Janeiro em busca de visibilidade. Esse é o enredo da novela Coração Alado – escrita por Janete Clair e estrelada por Tarcísio Meira,  exibida entre os anos de 1980 e 1981 – que projetou a pequena cidade da Zona da Mata nacionalmente e tem muito a ver com nossa visita do dia 8 de outubro.

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Tracunhaém (a 58 km do Recife) é referência na arte figurativa em barro desde bem antes da novela. Para se ter uma ideia, o nome da cidade significa “panela de formiga”. Terra de grandes mestres na arte de dar forma ao barro, é repleta de peças expostas nas calçadas, lojas e ateliês. Essa imagem das ruas estreitas de Tracunhaém passeia pela minha memória (Hugo) desde a infância, e invariavelmente desemboca noutra lembrança: uma escultura que minha mãe ganhou quando trabalhava na cidade, na época da exibição da novela, e que decorou a casa da minha avó até ela nos dar de presente, há cerca de dois anos. Pois bem, hoje foi dia de revistar a cidade e ver que ela é muito mais rica do que parece.

Logo na principal via de acesso é possível ver várias peças à venda, mas decidimos ir direto ao Centro de Produção Artesanal, que funciona em um casarão no centro da cidade. No local é possível conhecer e comprar peças de vários artesãs/ãos, com preços que vão de R$10 a R$ 700.

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Dá para passar horas admirando os detalhes e escolhendo o que levar.

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Sentimos falta de guias – para contextualizar, falar da história da cidade e dos artistas – e de sinalização. No início, até ficamos um pouco frustrado, com receio de que nosso passeio se resumisse a um local de vendas. Mas foi só ir além, visitar a área de produção dos artesãos que logo tudo mudou.

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Foi lá que encontramos a Dona Nilda, uma simpática artesã que trabalhava em uma escultura de uma mulher sentada, com o cotovelo sobre o joelho e a mão na cabeça.

– Eu tenho uma escultura de mais de trinta anos, bem parecida com essa. Será que foi a senhora que fez?, perguntei.
– Pode ser. É Juca Pirama, a da novela Coração Alado, com Tarcísio Meira. Ele fazia o papel de um artesão que saiu daqui para o Rio de Janeiro e venceu na vida. Na época, a escultura que apareceu na novela inaugurou um estilo aqui em Tracunhaém e influenciou muitos artistas, explicou.

Ela contou que começou a produzir pequenas bonecas de barro quando tinha entre dez e doze anos de idade. Com o sucesso da novela, fez as primeiras Juca Pirama, depois foi aumentando, aumentando, desenvolvendo o estilo, até chegar ao tamanho da peça em que ela estava restaurando quando conversou com a gente: cerca de 1,5 metros.

– Depois eu juntei as esculturas do homem e da mulher e comecei a fazer essas esculturas eróticas, essas posições. Isso é tudo da minha cabeça, contou modelando um sorriso orgulhoso de artista com timidez de senhora.

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Passeamos por outros galpões, acompanhamos o trabalho de outros artesãos e vimos as peças queimarem no forno à lenha, mudando do cinza úmido para o marrom claro – apesar do calor de fogo e sol que não nos deixa chegar muito perto.

Perto de irmos embora, pedimos para fotografar Dona Nilda. Ela nos reapresentou o centro, falou da cidade e sua origem indígena, da própria história. Nos despedimos do Centro de Produção Artesanal sorrindo com ela, falando sobre as coisas boas da vida.

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CURIOSIDADES

  • De acordo com o livro Folkcomunicação no contexto de massa, a escultura utilizada na novela se chamava Juca Pitanga – mesmo nome do personagem do protagonista, interpretado por Tarciso Meira.
  • Ainda segundo o livro, a peça teria sido feita por um artesão do Sul do País, exclusivamente para a novela, mas como muitos turistas chegavam na cidade para comprar “a escultura da novela”, vários artesãos passaram a produzi-la.
  • A escultura é mais conhecida como Juca Pirama, talvez por influência do poema indianista de Gonçalves Dias. (E se o pessoal de Tracunhaém rebatizou, isso é o que vale e é assim que vou chamar!).
  • A primeira cena da novela são trechos da Paixão de Cristo, com José Pimentel, e foi gravada em Nova Jerusalém (clique aqui e assista ao primeiro capítulo).
  • Quem nasce em Tracunhaém é tracunhaense.


DICA IMPORTANTE

O Centro de Artesanato funciona aos domingos, mas não a área de produção. Então, quem quiser conhecer artesãos e artesãs ou vê-los trabalhando nas peças, é melhor visitar o local em dias úteis ou no sábado. É interessante, pois a maioria trabalha com encomendas e assim é mais fácil você fazer a sua.