Na noite do dia 12 de agosto de 1983, um tiro de espingarda calibre 12, disparado por um homem, tirou a vida da agricultora e líder sindical que pelos direitos dos trabalhadores rurais costumava dizer: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Margarida Maria Alves foi executada dentro da própria casa, em Alagoa Grande, Paraíba, na frente do filho e do marido. O crime, a mando de usineiros, não calou a voz de Margarida. Sua história resiste, há exatos 34 anos, e sua luta não morre.
Margarida Maria Alves lutava por direitos como jornada de trabalho de 8 horas, carteira assinada, 13º salário e férias. Durante seu mandato como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, mais de 600 ações e denúncias foram movidas pela organização (saiba mais aqui). Foi por essa luta que ela morreu, e é por ela que o Museu Casa de Margarida Maria Alves precisa ser visitado, divulgado e preservado pelo nosso povo.
Pouca coisa mudou na casa de nº 624, na rua Olinda, desde a noite do crime. A história que tentaram apagar reside nas paredes, seja em uma marca do rito, seja em frases da sindicalista, recortes de jornais da época e ao longo da história, além de homenagens, títulos e reconhecimentos póstumos de órgãos internacionais e instituições que lutam pelos Direitos Humanos. As discussões e as ideias que tentaram silenciar também resiste através do Centro de Estudos Maria da Penha do Nascimento Silva.
Fundado em 2001, o museu também possui em seu acervo objetos pessoais, roupas e ferramentas de trabalho que pertenceram à Margarida. As fichas para controle dos cambiteiros e cortadores de cana são o retrato do quanto é difícil ter condições dignas de trabalho quando só o patrão tem voz.
Boa parte das histórias são contadas por Alice Marques, que trabalha no museu há 12 anos. A entrada no museu é gratuita, e o espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17h.
Estar no cenário do crime e conhecer os detalhes daquele 12 de agosto causam angústia, revolta e um aperto no peito difícil explicar. É um lugar triste.
Estar na casa onde Margarida viveu e conhecer os detalhes da sua história trazem orgulho, esperança e convicção de que a luta dos trabalhadores precisa continuar. É um lugar de resistência.
O dia 12 de agosto é lembrado como o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e Pela Reforma Agrária.
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