Roteiro: Dois dias em Petrópolis (RJ)

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Eis que o Partiu Interior chegou à 20ª viagem, e atingimos essa marca visitando a linda e histórica cidade de Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, e a 66 km da capital fluminense. A chamada “Cidade Imperial” foi fundada por Dom Pedro II, a mais de 800 metros acima do nível do mar, para que a família imperial pudesse passar o verão longe do calor do Rio de Janeiro, e hoje é um dos principais destinos para quem quer curtir o frio, aprender muito da história do Brasil e aproveitar as boas comidas e bebidas.

Nós estivemos lá entre os dias 21 e 23 de agosto (pouco mais de 50 horas), e aproveitamos muito bem a cidade. Visitamos museus, cervejaria, restaurantes, igreja e palácios, vimos  casas de pessoas que mudaram a história do país, assistimos a dois espetáculos e – de quebra – ainda pegamos um frio de 11ºC.

Para você que planeja viajar à Petrópolis, compartilhamos abaixo algumas dicas de lugares que não podem faltar no seu roteiro.

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COMO CHEGAR?

Para chegar a Petrópolis de ônibus é preciso ir até a rodoviária Novo Rio, no bairro de Santo Cristo. Essa foi a opção escolhida por nós, mas no caminho mudamos de ideia e negociamos com o motorista do Uber que nos levaria do aeroporto até o terminal. A viagem saiu por R$ 150, o que pode parecer caro à primeira vista, mas não é: se você somar o valor do Uber ao aeroporto à rodoviária, o valor de duas passagens do Rio à Petrópolis e o valor do Uber da rodoviária de Petrópolis até o hotel (no centro), a diferença é pouca.

A volta foi simples: pegamos o Uber até a rodoviária (cerca de R$ 18) e o ônibus da Única até o terminal da Barra da Tijuca (mais R$25 por pessoa). O ônibus é confortável e limpo, e a viagem bem tranquila.

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QUANDO E O QUE VISITAR?

Petrópolis é mais procurada pelos turistas e visitantes nos meses de junho, julho e agosto, devido ao frio, e é nesse período também que acontecem festivais de artes e música. Então, vale a pena planejar a viagem com antecedência e se preparar para as baixas temperaturas, algo perto dos 8º C.

Outra dica legal é escolher um hotel ou pousada perto do centro da cidade, pois é lá que está a maioria dos atrativos turísticos, então você poderá fazer praticamente todo o percurso caminhando. Dos locais que listamos abaixo, você só precisará se deslocar de carro para o Quintandinha.

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Museu Imperial

Não dá para ir em Petrópolis e não visitar o Museu Imperial. O local, que foi o palácio de veraneio de Dom Pedro II e da família real, hoje abriga um dos mais importantes arquivos históricos do Brasil. A visita é uma viagem no tempo, para o período do segundo reinado, e dura cerca de 1h30 a 2 horas. É preciso calçar as famosas pantufas, para preservar o piso, e não é permitido fotografar. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5. Uma pena que não há visita guiada.

O museu possui outras duas áreas de visitação: a Sala da Batalha de Campo Grande (com o quadro de Pedro Américo que dá nome ao espaço) e o Pavilhão das Viaturas, com diversas carruagens do século XIX. Também há uma programação com dois espetáculos, de quinta a domingo: a peça teatral Um Sarau Imperial e o Som e Luz, este apresentado no jardim do palácio. Vale muito a pena assistir aos dois, e o museu vende pacotes completos (Museu+Sarau+Luz e Som) a partir de R$ 18,00.

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Cervejaria Bohemia

O Tour Cervejeiro da Cervejaria Bohemia é, sem dúvida, um dos passeios mais legais. A visita custa R$ 39 e R$ 19 (meia-entrada) e já começa com uma degustação, para dar as boas-vindas. Depois, os visitantes viajam pela história da cerveja no mundo e no Brasil, a história da cervejaria, seus prêmios, e, em seguida pelos ingredientes que compõem a bebida, com diversas experiências sensoriais. A produção e os tipos de cervejas também são detalhadamente explicados no tour pela fábrica, de onde saem somente os rótulos especiais da marca. Após mais duas degustações, uma loja espetacular onde você encontra não só as cervejas da Bohemia como uma infinidade de lembrancinhas, assessórios e produtos locais.

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Quitandinha Petrópolis

Quitandinha

O Palácio Quitandinha certamente será uma das primeiras belíssimas construções que você verá ao chegar em Petrópolis. Construído pelo empresário Joaquim Rolla no final dos anos 30, o hotel foi inaugurado em 1941 para ser o maior centro internacional de turismo do Brasil, que reuniria grandes produções artísticas, atividades esportivas, cassinos e serviços de hotelaria de primeira linha. Com a proibição dos jogos de azar no Brasil em 1946, o hotel manteve-se como pode até ser vendido para servir de moradia e para realização de eventos como congressos, concursos de miss, locação de cinema e bailes carnavalescos. em 2007 a parte de convenções foi comprada pelo Sesc, que hoje abre para visitação. Um passeio que você não pode perder.

Você poderá visitar praticamente todas as dependências dessa parte do hotel: salão de jogos, biblioteca, auditório, teatros, sala de imprensa, varanda, cozinha, piscina… Existem duas opções de visita: a guiada e a áudio-guiada, em que você recebe um aparelho e um fone descartável, e basta digitar o número correspondente à sala em que você está e curtir a explicação. Os ingressos custam R$ 20 e R$10 (meia entrada).

Você precisará ir de carro, pois o Quitandinha fica na entrada da cidade, um pouco distante do centro.

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Casa de Santos Dumont

A “Encantada” foi idealizada pelo Santos Dumont para ser seu lugar de descanso no verão. A casa ficou pronta em agosto de 1918 e, em um pequeno espaço, apresenta inovações e curiosidades que só comprovam a genialidade do “Pai da Aviação”, desde a escadaria na entrada até o banheiro, além do observatório construído no teto.

Atualmente o museu Casa de Santos Dumont recebe cerca de 15 mil visitantes por mês, e funciona das 9h às 17h, com os ingressos a R$ 8 e R$ 4. A visita não é guiada e, por ser muito frequentada, é até um pouco corrida. Ficamos um pouco decepcionados porque além da ausência de guias, não há informativos para leitura, então, se você não souber um pouco das histórias do aviador e da Encantada, ou se não der a sorte de encontrar com um grupo que esteja em excursão com guia, você ficará “voando” dentro da casa.

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Palácio de Cristal

O Palácio de Cristal fica bem próximo à Cervejaria Bohemia, dá para ir caminhando tranquilamente. A dica é visitar a praça do palácio enquanto espera a cervejaria abrir, foi o que fizemos.

Trazido da França a pedido do Conde D’Eu para presentear a Princesa Isabel, o Palácio de Cristal foi inaugurado em 1884. A estrutura é inspirada nos palácios de cristal de Londres e do Porto, e em 1938 as paredes foram cobertas por folhas de flandres e tijolos para abrigar o Museu Histórico de Petrópolis. Em 1967 o lugar foi tombado pelo Ipham, mas as paredes continuaram cobertas até a década de 1980, quando foram substituídas por vidro, semelhante às originais. Foi restaurado e reinaugurado em 1998.

De acordo com nossas pesquisas, o Palácio ainda é utilizado para eventos, mas no dia que fomos era apenas um espaço vazio, bom para fotos externas. A entrada é gratuita.

Casa de Rui Barbosa

Casas e Palácios

Além da Encantada, você só precisará caminhar pelas ruas de Petrópolis para encontrar muitos palácios e casas lindas ou que pertenceram a personalidades importantes da nossa história. Tem a casa da Princesa Isabel, a casa de Ruy Barbosa e diversas outras, tombadas e sinalizadas com um pouco da história de seus antigos donos. É interessante que vários estabelecimentos hoje funcionam nessas casas.

Outra casa interessante para visitar é a Casa de Cláudio de Souza. A residência foi construída no século final do XIX e em 1956 a casa foi doada à União pela viúva do acadêmico, dona Luíza Leite de Souza, assim como seu acervo de livros, fotos, móveis, roupas, acessórios. Está tudo lá exposto, então, vale a pena conferir como era uma casa do início do século XX.

Lamentamos, mais uma vez, a visita não ser guiada. Mas tivemos a sorte de visitar a Casa Cláudio de Souza no dia do ensaio da Camerata Petrópolis. O grupo de jovens músicos ensaia lá todas as quintas-feiras, das 14h às 17h30.

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Catedral e Praça da Liberdade

A Catedral de São Pedro de Alcântara já fazia parte do plano de urbanização de Petrópolis elaborado Major Júlio Frederico Köeller em 1843, mas só foi construída em 1844. É lá que estão, desde 1939, os túmulos de D. Pedro II e D. Tereza Cristina e também onde foram sepultados, em 1971, os restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. A igreja, no estilo neogótico, é aberta à visitação.  Possui belos vitrais que rendem lindas fotos (sem flash, por favor). A dica é conhecer o prédio e seguir caminhando pela Avenida Köller apreciando os casarões históricos e palácios (muitos já cenários de novelas, série e filmes) até a Praça da Liberdade.

A Praça da Liberdade é um lugar histórico. Chamava-se Largo Dom Afonso (em homenagem ao primogênito de D. Pedro II), mas foi rebatizada com o nome pelo qual é conhecido até hoje por ser o lugar onde os ex-escravizados se reuniam para comprar a alforria dos companheiros que ainda eram vítimas da escravidão. A praça é o ponto de convergência das principais avenidas da cidade e é estratégica para o turista, pois de lá você chega caminhando nos principais pontos turísticos como, por exemplo, Casa do Santos Dumont, Museu de Cera, Museu de Porcelana, Casa de Cláudio de Souza, Cervejaria Bohemia, além de galerias, restaurantes e cafés.

Rua 16 de Março e Rua Teresa

A Rua 16 de Março é a mais legal do centro. Tem cafés, livraria, padaria, bares, lojas de roupas e acessórios, chocolateria e tem a Casa do Alemão, onde você não pode deixar de provar o croquete de carne e o sanduíche de linguiça. Perto dos pontos turísticos, com calçadas amplas, jardins, muita gente e pouco carro, a Rua 16 é fácil de achar, pois é identificada com portais e os estabelecimentos estampam, nas vitrines, adesivos em apoio ao projeto que requalificou a rua.

A Rua Teresa é o lugar certo para quem quer comprar roupas. Lá estão várias lojas e confecções  e, pesquisando, você consegue peças de boa qualidade a preços muito bons. Essa rua nos salvou do frio, pois, como recifenses acostumados ao mormaço, estranhamos (e muito) o frio.

 

DOIS DIAS É O BASTANTE?

A gente sempre tem muito cuidado em seguir ou, depois, em apresentar roteiros que podem ser feitos em poucos dias, pelo simples fato de que a viagem é feita pelos viajantes – e estes podem estar mais dispostos ou mais relax. Em Petrópolis, se sua intenção for conhecer com calma os principais atrativos turísticos, dois dias serão suficientes, mas sem muito tempo para descanso.

Já para quem quer curtir o frio, descansar, vivenciar mesmo cada detalhe da cidade, vale a pena ficar mais dias, afinal há muitos outros atrativos na cidade que não tivemos tempo de conhecer. Vale lembrar, ainda, que algumas pessoas fazem o “bate-volta”, mas as visitas serão apressadas e superficiais, e o passeio poderá ser bem cansativo.

 

Voltamos ao Carnaval de Nazaré da Mata, a Terra do Maracatu Rural

Caboclo Maracatu RuralComo de praxe em nosso Carnaval, reservamos a segunda-feira para visitar Nazaré da Mata, a terra do Maracatu Rural, e fotografar as diversas personagens dessa manifestação cultural tão característica da Zona da Mata de Pernambuco. Nós fazemos este passeio há pelo menos quatro anos e, em 2019, a festa foi uma das mais bonitas.

Os maracatus estavam mais coloridos, havia mais pessoas na rua, mais comerciantes no entorno da praça e mais visitantes para fotografar as evoluções encantadoras dos caboclos de lança e para correr das chicotadas das burrinhas que abrem espaço para os desfiles. Resumindo: o Carnaval foi mais animado!

Arreia-má Nazaré da Mata Maracatu

Caminhar pela Rua Dantas Barreto (ou a Rua da Prefeitura, para nós nazarenos) é certeza ficar ainda mais próximo dos maracatus. O terno acertando o toque, os caboclos e as baianas descansando ou bebendo sentados no meio-fio ou debaixo das marquises, as fantasias e lanças marcando o lugar no meio da rua. É lá também que a gente encontra poetas populares como o experiente Mestre João Paulo e jovens Mestre Anderson Miguel – do Águia Misteriosa – e Mestre Bi, do Estrela Brilhante. É de lá que a gente sai com a certeza de que o Maracatu Rural está ainda mais vivo e mais forte.

À tarde, visitamos rapidamente a Praça do Frevo, que este ano estava repleta de foliões para verem as apresentações das centenárias orquestras Capa Bode e Revoltosa.  A grande atração da noite foi o cantor Alceu Valença, que fez a praça da Catedral ficar lotada não só de nazarenos, mas de visitantes e turistas de várias cidades vizinhas.

Maracatu espera Nazaré da Mata

O Ponto negativo, mais uma vez, foi a limpeza. Infelizmente, era grande a quantidade de lixo acumulada no canto das calçadas e em locais próximos às barracas, e, com a chuva do meio da tarde, tudo ficou espalhado. Vimos a equipe de varrição recolher o lixo na praça principal, ainda durante os desfiles, mas talvez seja necessário aumentar o efetivo em 2020 para que a festa continue melhorando a cada ano.

Caboclo criança Maracatu rural

 

 

 

Sete coisas que não nos contaram sobre Paixão de Cristo de Nova Jerusalém

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Imagina a felicidade que deve ser transformar uma pequena vila no interior de Pernambuco em um dos principais destinos de milhares de visitantes e turistas – religiosos ou não – durante a Semana Santa? Comecei a me perguntar isso enquanto admirava a grandiosidade do teatro de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, Brejo da Madre de Deus, a 180 km do Recife. Do lado de fora, pouco antes de entrar para o espetáculo, observei os diversos ônibus, carros, feirinha, arena gastronômica, ambulantes e comecei a entender a ideia genial de Plínio Pacheco.

Viajamos na quinta-feira (28), dia chuvoso e de muito movimento nas estradas – todos querendo sair do Recife para curtir o feriado. Apesar de ser um destino bastante conhecido e frequentado pelos pernambucanos, foi nossa primeira vez no espetáculo, então, o que falar de uma peça sobre a conhecida história de Jesus Cristo que já vai em sua 51ª edição e já foi vista por mais de 3,5 milhões de expectadores?

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Bem, primeiro é preciso dizer que vale muito a pena. Tudo é feito com muito cuidado e atenção para que o público mergulhe no enredo sem distrações. Também há alguns detalhes – positivos e negativos – que vamos elencar a seguir e que podem ajudar você a planejar uma viagem para lá nos próximos anos. Vamos começar:

1 – Não, a viagem não é cara. 
Essa era uma ideia que eu tinha. Sempre me perguntei se valia a pena pagar “tanto” para ver a encenação de uma história que eu já conheço e que sempre é exibida na televisão. Sim, vale a pena. Em 2018, os ingressos variavam entre R$ 100 e R$ 140 (inteira) e R$ 50 a R$ 70 (meia entrada), um preço que acho justo, considerando que são mais de três horas de espetáculo, com 450 atores e figurantes, além de outros 600 profissionais envolvidos (técnicos, maquiadores, sonoplastas, eletricistas, entre outros), todos distribuídos em 9 palcos e dentro de um teatro com 100 mil metros quadrados.

Para chegar lá, existem várias opções de excursões, com preços bem variados. No Recife, encontramos a partir de R$ 80 por pessoa (certamente tem mais barato) e viajamos pela Sevagtur, a R$90. Tudo muito organizado e tranquilo. No final das contas, gastamos R$ 300 (ingresso e transporte para o casal), fora alimentação por lá e capinha de chuva.

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2 – Pode chover bastante. Mas tem capinha de chuva pra vender.
O dia em que fomos foi bastante chuvoso, e até levamos uma sombrinha para se proteger da chuva, mas usá-la durante o espetáculo não é uma opção (apesar de muitas pessoas abrirem e atrapalharem a vista de quem está atrás). A solução: capinhas de chuva. Os ambulantes vendem já no estacionamento ao preço de R$ 5.

20180329_1915593 – Vá de calça e sapato para chuva.
Se a previsão for de chuva, nem se preocupe com que roupa você vai, porque ela vai ficar por baixo da capa de plástico, mas vale a pena ir de calça para evitar insetos e lama. Também é interessante usar um sapato apropriado e que aguente chuva. Nada de sandalinha, salto alto ou chinelo de dedo, pois a maior parte da caminhada que você precisará fazer diante dos palcos é no barro, sem calçamento, e lembre-se que você vai andar no meio de uma multidão, ou seja, apesar de isso ser bem sossegado por lá, pode ser que pisem no seu pé…IMG_20180329_173538

4- Procure o canto esquerdo dos palcos.
Esta dica nos foi dada pelo guia, a caminho de Nova Jerusalém, e quando começa o espetáculo você entende que faz todo sentido: procure sempre o canto esquerdo dos palcos. Fica mais fácil se locomover entre as cenas e se acomodar com tranquilidade. Somente na cena da crucificação é recomendável ir pela direita (e não pelas arquibancadas), assim você chegará mais perto do palco. Uma curiosidade, que talvez pouca gente perceba, é que a estátua do Plínio Pacheco montado no cavalo é móvel, ela aponta a direção para onde as pessoas devem se deslocar.  

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5 – Existe uma atenção especial com idosos e deficientes
Assim que você entrar no teatro, vai perceber uma equipe de pelo menos vinte pessoas prontas para atender e acompanhar os expectadores que tenham dificuldade de locomoção e precisem de cadeiras de rodas. Existe um espaço amplo destinado para esse público, bem em frente de cada palco, e são os profissionais do teatro que conduzem as cadeiras de rodas.

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6 – Infelizmente, há poucos banheiros.
Como dificilmente as pessoas vão procurar o banheiro durante as três horas de espetáculo, nada mais comum do que ir antes ou depois. O problema é que são poucos banheiros para muita gente, então, quando termina a peça as pessoas já estão apertadas e precisarão encarar filas. É tenso.

7 – Feirinha poderia ser melhor.
Esperava encontrar uma feirinha de artesanato bem diversificada, com produtos locais e bem diferentes do que a gente encontra em outros locais, mas salvo as lembrancinhas relacionadas à Paixão de Cristo, não há muita opção. Encontramos vários estandes com relógios e acessórios brilhantes fabricados na China, mas de artesanato mesmo, é pouco.

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Em resumo, foi uma viagem bem tranquila e divertida. Fomos e voltamos com segurança, sem preocupação alguma com carro, com estacionamento, com ingressos, com sono na estrada… Essas são algumas das vantagens de se viajar em excursões. Voltaríamos lá outras vezes para levar nossos pais, por exemplo. Isso é sinal de que vale a pena!

 

 

Carnaval em Nazaré da Mata

Olhando as pastas de fotos antigas no computador, me dei conta de que, desde 2012, ir para Nazaré da Mata na segunda-feira de Carnaval tem feito parte da  nossa programação. Não é para menos, para quem gosta de Maracatu Rural (também chamado de baque solto) esse é o melhor dia para visitar a tão querida cidadezinha da Zona da Mata, localizada a cerca de 60 quilômetros do Recife.

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Conhecedor dos carnavais nazarenos desde a infância, posso garantir que a festa tem melhorado nos últimos anos. É sempre bom encontrar o povo na rua para ver os maracatus que passam o ano todo se preparando para mostrar o colorido e a poesia que encantam a tantos turistas. Não preciso nem dizer que as apresentações dos diversos grupos rendem ótimas fotografias, mas uma dica que eu deixo é que você dê uma caminhada pela rua em que os integrantes aguardam o chamado para o palco.

Outra coisa importante é respeitar o espaço dos maracatus durante as apresentações. Canso de ver turistas e fotógrafos ultrapassarem a linha do bom senso em busca das “melhores imagens”. Tudo bem aproximar-se, procurar um ângulo mais legal e rapidamente voltar para a calçada, mas entrar no meio do grupo a ponto de roubar a atenção e até atrapalhar a evolução dos caboclos de lança é bem desagradável.

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PRAÇA DO FREVO
Além das apresentações de maracatu na praça principal, outra opção muito legal é a Praça do Frevo (para os nazarenos, a nossa antiga Praça do Lago). Fica ali pertinho, na rua atrás do palco principal. Lá, além de muitos frevos tocados por orquestras, há toldos para o pessoal aproveitar a sombra ou levar cadeiras, bebidas, comidinhas e fazer seu piquenique de Carnaval.

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FALTA ESTRUTURA
Sempre que vou a Nazaré durante o Carnaval, tento levar alguém para conhecer a festa. Uma reclamação que sempre escuto é a falta de sombras na área em que os maracatus se apresentam, o sol é forte e o calor afasta o público. Falta também um ponto de informação para os turistas que chegam lá desacompanhados.

Outro detalhe é a falta de opções para lanches e refeições perto do centro. Basicamente, se você não estiver afim de consumir comida de rua (cachorro quente, batata frita, pipoca, coxinha e pastel) você poderá ter que procurar matar a fome longe dali. Também incomodou um pouco (neste Carnaval, especificamente) a falta de atenção com a limpeza. Na segunda-feira à tarde havia bastante lixo nos arredores da praça e, depois da forte chuva que caiu, tudo se espalhou pelas ruas.

São apenas detalhes, mas que podem ser facilmente corrigidos. A festa é linda, e vale muito a pena sentir aquela energia única do maracatu rural. E essa energia você só encontra em Nazaré da Mata.

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As artes da Ilha do Marajó (Parte III)

Os sons e as artes do Norte foram alguns dos principais atrativos que nos levaram ao Pará. Agora imagina poder apreciar de perto o legítimo artesanato marajoara e poder curtir o autêntico carimbó! Isso você vai encontrar na cidade de Soure, e é o que faz da chamada Capital do Marajó um lugar imperdível para quem gosta de cultura popular.

Conhecer um pouco do dia a dia dos artesãos do Marajó e poder acompanhar um ensaio de um grupo tradicional de carimbó foi um privilégio, e nos deixou bastante felizes, porque encontramos, nestes dois locais, jovens que vivenciam as artes e que se orgulham de suas raízes e das tradições locais.

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Você já viu ou vai ver muitas peças ditas marajoaras Brasil a fora, mas o autêntico artesanato do Marajó você só encontra lá. Basta olhar para uma peça e você perceberá isso.

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Um lugar que não pode faltar no seu roteiro é a Casa de Artesanato Arte Mangue Marajó (Travessa 23, entre as ruas 12 e 13). No espaço, coordenado pelo Ronaldo Guedes, funciona um coletivo de 9 artesãos e artesãs, e lá você encontra diversas peças de cerâmica e madeira, tudo lindo e muito bem feito. Conversamos bastante com a Cilene, que nos explicou as origens, as referências, todo o processo de produção. Também falamos sobre música, carimbó, cultura popular, mídia alternativa…

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A gente não teve a sorte de encontrar muitas peças a venda, porque os artesãos precisam esperar algumas semanas para colocar todas as peças no forno de uma vez, e as prateleiras estavam um pouco vazias, mas conseguimos trazer peças muito legais. Então, se você chegar logo depois da fornada, aproveite!

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CARIMBÓ NO CRUZEIRINHO

Na tarde do nosso primeiro dia em Soure, pegamos as bicicletas e fomos passear pela cidade. Ficamos surpresos ao encontrarmos, na praça principal, um grupo de adolescentes ensaiando o Lundu Marajoara. Lembro que comentamos o quanto isso era rico e como era legal ver os jovens valorizando a cultura local. Eis que, na segunda-feira à noite, também por indicação do pessoal da pousada, tivemos uma surpresa ainda maior: o Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho.

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O Cruzeirinho, como costuma ser chamado, existe desde 1987 e é coordenado pela senhora Maria Amélia. Toda segunda-feira, a partir das 19h, o grupo se reúne para os ensaios, que são abertos aos turistas (taxa de colaboração: R$ 20). Carimbó, Lundu Marajoara, Chula Marajoara, e tantas outras manifestações, dá ver um pouco de tudo da cultura local nos passos e nas vozes dos integrantes.

Dentro do casarão, é impossível não se deixar levar pela música, pela dança e pelos sorrisos do pessoal. Foi uma noite de aprendizado e muito divertida, a ponto de sentirmos muito à vontade para arriscar uns passos de Carimbó junto com os dançarinos e dançarinas.

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Quando lembrarmos da Ilha de Marajó, vamos recordar sempre, com saudades, do Cruzeirinho e da felicidade que sentimos por estar lá.

Cinco dias inesquecíveis na Ilha de Marajó – PA (parte I)

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A dança, a música e o artesanato da Ilha de Marajó. As artes e os sabores da Ilha de Marajó. Uma viagem pela cultura marajoara. Ilha de Marajó: é como voltar no tempo. Difícil de chegar, difícil de esquecer. Qualquer um desses títulos representaria bem o que foram os cinco dias em Soure, na Ilha do Marajó. Mas, neste primeiro texto de uma série de três, decidimos resumir um pouco de tudo em um só adjetivo: inesquecível.

Visitar a Ilha de Marajó é visitar um Brasil distante, que ficou guardado no tempo e, por isso mesmo, especial. Esqueça a ideia de ilha paradisíaca, com praias de águas mornas e cristalinas, dias de agitação e noites badaladas. Lá o que encanta e atrai são a simplicidade e a certeza de que você está em um lugar único. O lugar do carimbó, do lundu, dos búfalos que pastam pelas ruas de terra, da carne de búfalo e do queijo de marajó.

COMO CHEGAR

Você chega em Soure de navio ou de lancha rápida. O transporte de passageiros é feito diariamente, com embarque no terminal do galpão 9 da Estação das Docas, em Belém. As passagens custam entre R$ 35 (para o terminal de Salvaterra) e R$ 48 (direto para Soure). A lancha rápida sai a partir das 7h e a viagem dura cerca de 1h30, já de navio, a viagem é bem mais longa: 3h30.

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O percurso pela Baía do Marajó é de aproximadamente 80 km de muitas, muitas ondas. Assim, quem tiver problema com enjoo, não esqueça de tomar alguma medicação 30 minutos antes da viagem e evite se alimentar neste período. Entre os meses de setembro e novembro, os ventos são fortes e “a maré joga demais”, como dizem os moradores, que recomendam viajar pela manhã – quando os ventos estão menos fortes.

Ah, se for no domingo, você vai descer em Salvaterra e de lá pegar uma van/micro-ônibus para Soure. Foi o nosso caso. Viajamos com o Edgar, que foi super-atencioso e acertou tudo com a gente na noite do dia anterior à viagem (Edgar Turismo & Transporte: 91-99378-7711). As empresas que fazem o transporte fluvial são a Banav (www.banav.com.br) e a Arapari (91-3241-4977).

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COMO SE DESLOCAR NA CIDADE

Creio que nos cinco dias que estivemos lá, não vimos mais que 20 carros. O transporte é de táxi, sem taxímetro, custa entre R$ 20 (o mínimo, dentro da cidade) a R$ 90 (ida e volta, para a Praia do Pesqueiro, por exemplo), ou de moto-táxi. Outra opção muito boa é alugar uma bicicleta, que sai por R$ 2 a hora, em média, e dá para negociar a diária. Também dá para fazer muitos trechos caminhando, pois é muito fácil se localizar em Soure – as ruas e travessas são todas numeradas – e mesmo à noite, em que muitas ruas estão bem escuras, o risco de você ser assaltado é bem pequeno.

Sempre peça indicação de taxistas e moto-taxistas ao pessoal da pousada, e confirme se é realmente seguro ir caminhando ou de bicicleta para determinados locais.

ONDE COMER
Perto da pousada onde ficamos hospedados, a melhor opção para refeição é o Solar do Bola. O restaurante serve pratos típicos e pizzas de sabores tradicionais ou nem tanto, como camarão com jambu, por exemplo. O lugar é simples, o preço é justo.

Também vale a pena conhecer o Café de Soure, conhecido por lá também como “o crepe do francês”. Lá você encontra pratos bem legais com ingredientes locais a um preço muito bom. O lugar é aconhegante e, do lado de fora, dá para você observar um pouco da rotina da pequena cidade.

Para aliviar o calor: sorvete Ice Búfalo, que leva leite de búfala, doce de leite de búfala e queijo de marajó. Descobrimos este sorvete por acaso, quando paramos na Ilha Bela Pousada e Restaurante para tomar uma água e descansar do passeio de bicicleta, e, olhe: é muito bom!

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NOS PRÓXIMOS TEXTOS
As praias, as fazendas e o rio Paracuari (Parte II)
Artesanato, dança e música na Ilha do Marajó (Parte III)

Cortejo Cultural em Nazaré da Mata

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É sempre bom voltar a Nazaré da Mata, voltar ao bom humor de sua gente, às lembranças da infância e aos costumes que não se perderam. No último domingo, dia 27, foi diferente, ainda melhor: a cidade estava com uma energia boa – algo que não sei explicar –  mas que sem dúvida teve como epicentro o Engenho Cumbe, sede do Maracatu Rural Cambinda Brasileira, e de onde partiu o Cortejo Cultural.

Percebi a diferença logo que cheguei ao Sertãozinho, bairro por onde andei e pedalei toda minha infância. Cadeiras nas calçadas, comida, bebida e música na frente de casa, As pessoas estavam nas ruas, sorridentes, esperando os maracatus passarem. Há quantos anos não via Nazaré assim? No caminho para o Cumbe – lugar que eu só conhecia o nome e a importância histórica e cultural – uma ou outra placa indicava que eu e meu amigo Rafael estávamos indo pelo caminho certo.

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– Bom dia, amigo, engenho Cumbe?
– Pode seguir esses carros aí, direto, o povo tá tudo indo pra lá – responderam os senhores de chapéu, sorrindo e empurrando as bicicletas barra forte na ladeira de terra.

O CD de Wesley Safadão logo foi substituído pelo disco do Maracatu Leão Misterioso e o povo começou a se animar, dar os primeiros passos no chão de terra batida. Uma Catita andava por todos os lados pedindo um trocado, dançava e se jogava no chão, empunhando uma boneca surrada e o gereré. Vez por outra uma criança corria dela, primeiro por susto, depois por brincadeira. Tradição. Todo nazareno que se preze já levou uma carreira de Catita.

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Demorou, mas perto do meio-dia, o povo já quente do sol e da bebida – começou o coco de roda. Poetas locais também declamaram embalados pelo ganzá, caixa e zabumba. Também teve mamulengo para fazer o povo rir enquanto os caboclos se organizavam em uma casa mais distante para dar início ao cortejo.

Vimos o maracatu rural cercado pela cana e pelo seu povo, que estava lá por ele, e não para passar o tempo enquanto não começam as atrações “principais”, como em alguns desfiles de Carnaval. Não havia gola, chocalhos, perucas, nem lanças. O que a gente via era a dança crua dos caboclos, com todos os seus movimentos claros. O que a gente ouvia eram os passos chiados fazendo a mistura entre os seres e a terras, a poeira.

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A fome, o calor e os horários nos impediram de continuar para ver o cortejo e a festa no Parque dos Lanceiros. Alguns detalhes com os horários e com a programação talvez precisem de um pouco mais de atenção nas próximas edições, que com certeza estaremos presentes. Vida longa ao Cortejo Cultural, que – antecipo – estará todos os anos no nosso calendário.

É sempre bom voltar a Nazaré da Mata.

caboclo de lança descansando

Margarida Maria Alves: uma luta que não morre

Na noite do dia 12 de agosto de 1983, um tiro de espingarda calibre 12, disparado por um homem, tirou a vida da agricultora e líder sindical que pelos direitos dos trabalhadores rurais costumava dizer: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Margarida Maria Alves foi executada dentro da própria casa, em Alagoa Grande, Paraíba, na frente do filho e do marido.  O crime, a mando de usineiros, não calou a voz de Margarida. Sua história resiste, há exatos 34 anos, e sua luta não morre.

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Margarida Maria Alves lutava por direitos como jornada de trabalho de 8 horas, carteira assinada, 13º salário e férias. Durante seu mandato como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, mais de 600 ações e denúncias foram movidas pela organização (saiba mais aqui). Foi por essa luta que ela morreu, e é por ela que o Museu Casa de Margarida Maria Alves precisa ser visitado, divulgado e preservado pelo nosso povo.

 

Pouca coisa mudou na casa de nº 624, na rua Olinda, desde a noite do crime. A história que tentaram apagar reside nas paredes, seja em uma marca do rito, seja em frases da sindicalista, recortes de jornais da época e ao longo da história, além de homenagens, títulos e reconhecimentos póstumos de órgãos internacionais e instituições que lutam pelos Direitos Humanos. As discussões e as ideias que tentaram silenciar também resiste através do Centro de Estudos Maria da Penha do Nascimento Silva.

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Fundado em 2001, o museu também possui em seu acervo objetos pessoais, roupas e ferramentas de trabalho que pertenceram à Margarida. As fichas para controle dos cambiteiros e cortadores de cana são o retrato do quanto é difícil ter condições dignas de trabalho quando só o patrão tem voz.

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Boa parte das histórias são contadas por Alice Marques, que trabalha no museu há 12 anos. A entrada no museu é gratuita, e o espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17h.

Estar no cenário do crime e conhecer os detalhes daquele 12 de agosto causam angústia, revolta e um aperto no peito difícil explicar. É um lugar triste.

Estar na casa onde Margarida viveu e conhecer os detalhes da sua história trazem orgulho, esperança e convicção de que a luta dos trabalhadores precisa continuar. É um lugar de resistência.

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O dia 12 de agosto é lembrado como o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e Pela Reforma Agrária.

 

 

Alagoa Grande: onde Jackson do Pandeiro começou seu reinado

Há pouco mais de dez anos, depois de acompanhar muitas músicas batendo em cadernos e livros, finalmente comprei um pandeiro (o Dalua) e decidi aprender a tocar. Eu já conhecia as músicas de Jackson do Pandeiro, mas só naquela época comecei a  ouvir, de verdade, o pandeiro do Jackson. Sebastiana, Forró em Limoeiro, Forró de Surubim, O Canto da Ema, Chiclete com Banana, Cantiga do Sapo, lembro que foi como uma explosão dentro da minha mente, de ritmos, do que era possível fazer dentro de um simples compasso.  Então, é claro: o Memorial de Jackson no Pandeiro, em Alagoa Grande, era parada obrigatória em nossa viagem pelo Brejo Paraibano. E nós fomos lá!alagoa de jackson 7

O pórtico da cidade – um pandeiro gigante – já dá as boas vindas aos turistas e visitantes com uma referência ao seu filho mais conhecido. Boa parte das casas do centro da cidade preserva a arquitetura original e rende ótimas fotografias, vale a pena contemplá-las em um passeio no final da tarde. A de número 687 da rua Apolônio Zenaide, bem na praça principal, é muito especial: é lá que funciona o Memorial de Jackson do Pandeiro.

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Inaugurado em 2008, o memorial reúne preciosidades do artista, como, por exemplo, seu primeiro contrato de trabalho – com a Rádio Jornal do Commercio, do Recife, datado de 1953. Nas paredes, capas de alguns de seus 160 LPs, cartazes de shows, notícias de jornais e revistas, e até uma cópia ampliada da carteira de identidade de José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro, nascido em 1919.

As principais salas do memorial trazem mais detalhes da vida pessoal do Rei do Ritmo. Os instrumentos confeccionados e usados por ele, roupas, chapéus e – o mais legal –  letras de músicas e cadernos com repertórios escritos a próprio punho por Jackson.

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Vale a pena conferir atentamente cada uma as fotos. Elas contam um pouco dos casamentos com Almira Castilho (que durou 12 anos) e com Neuza Flores, das participações em filmes, das parcerias musicais, da família, da carreira no Rio de Janeiro e depois do Brasil.

Para ajudar na manutenção do Memorial Jackson do Pandeiro, são vendidos cds e dvds com cópias de músicas e de apresentações do artista. Compramos o cd e vale MUITO a pena, foi nossa trilha de viagem a partir dali.alagoa de jackson 3

Para quem gosta de música popular, para quem quer conhecer ou para quem já é fã da obra de Jackson do Pandeiro, ou simplesmente para aqueles(as) que desejam viajar pelo universo do interior do Nordeste através de suas canções, o Memorial é parada obrigatória.

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: Segunda a Sexta, das 7h30 às 17h. Sábado e domingo, das 9h às 17h.

NO FACEBOOKhttps://www.facebook.com/memorialjacksondopandeiro/


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Boa Comida em Areia

Uma viagem pelo Brejo Paraibano

Pronta para receber os turistas e cheia de histórias, Areia surpreende

Nos próximos posts você vai conhecer:

  • Casa de Margarida Maria Alves
  • Dois destinos para os apreciadores de cachaça

Pronta para receber o turista e cheia de histórias, Areia surpreende

Imagina você sair de casa planejando conhecer engenhos de açúcar e cachaça, uma loja de doces, alguns museus importantes e, de quebra, ainda fotografar belas casas preservadas. Agora imagina você chegar ao destino e logo se surpreender com uma cidade preparada para o turismo e cheia de história! Foi assim com Areia, no Brejo Paraibano.

menino na bicicleta

Localizada no topo da Serra da Borborma, a 618 metros de altitude, Areia possui cerca de 420 imóveis tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2006, e é cercado por belas vistas da serra. Além disso, reúne curiosisdades que tornam a cidade ainda mais interessante. Lá surgiram a primeira banda filarmônica da Paraíba, o primeiro curso de Agronomia do Nordeste, o primeiro jornal e o primeiro teatro do estado, e lá a escravatura foi abolida antes da Lei Áurea. Areia também é a terra onde nasceu o pintor Pedro Américo – autor de um dos quadros mais famosos do nosso país – e do escritor José Américo, percursor do Regionalismo na literatura brasileira. E tem muito mais!

No centro, a simpática rua Getúlio Vargas, com suas coloridas casas tombadas, por si só, já é um atrativo que rende belas imagens. Mais do que isso, tem uma energia boa que mistura nostalgia,  tranquilidade e alegria. A praça cheia de conversas no final da tarde, o comércio pulsando em imóveis preservados e o povo nas calçadas, interagindo ou vendo o tempo passar. Em tempos de correria, trânsito intenso e encontros rápidos apenas em mídias sociais, Areia mostra para nós que é possível sim viver a cidade.

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BUDEGA DO VAVÁ
Um bom lugar onde você pode observar e vivenciar tudo isso é a Budega do Vavá, que funciona lá no centro há 37 anos. De um lado, prateleiras com cachaça, rapadura, açúcar, mel de engenho, manteiga, queijos, fuba e outros produtos da região; do outro, instrumentos musicais e outros objetos que contam um pouco da história da família e da cidade, além de sourvenis. A bodega é estreita, mas sobra espaço mesmo é para uma boa conversa.

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João Chianca, filho do seu Vavá, contou que o pai gostava de conversar e contar as histórias da cidade, antes mesmo de falarem em Turismo Rural por lá. Com a morte do Vavá, há cerca de dois anos, João tocou o negócio e incrementou com uma visão mais voltada para os turistas. Ele nos passou várias dicas e falou um pouco da história e do dia a dia de Areia. Passamos um bom tempo por lá conversando. Vale a pena visitar.

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SOLAR JOSÉ RUFINO
Em frente à Budega está a interessante Casa das 11 portas (hoje dividida entre alguns estabelecimentos comerciais) e o Solar (ou Casarão) José Rufino, na Praça Pedro Américo. O prédio foi erguido pelo português Jorge Torres em 1818 e possui uma das duas únicas senzalas urbanas do Brasil ainda preservadas. São doze salas minúsculas que cercam um pátio, onde eram comercializados os escravos, e contam parte desse capítulo triste da nossa história.

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A entrada é gratuita e a visita é guiada. Na sala principal, alguns quadros de artistas locais estão expostos e à venda, nos demais cômodos, alguns objetos e móveis que fazem referência à época. Por trás do pátio, a vista que se tem da serra também vale a pena conferir. O casarão, onde também funciona a secretaria municipal de Turismo, é bem conservado e hoje pertence à Justiça, mas é mantido pela prefeitura.

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CASA PEDRO AMÉRICO
A obra Independência ou Morte talvez seja a pintura mais conhecida entre os brasileiros, está em praticamente todos os livros de História, ilustrando o momento em que Dom Pedro I, montado num cavalo e empunhando uma espada, rompe com a Coroa Portuguesa. O que pouca gente sabe é que o autor dessa obra é paraibano, e, mais: natural de Areia.

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A casa onde Pedro Américo viveu parte da infância hoje é um pequeno museu. Lá estão expostos objetos pessoais do artista, réplicas de estudos e de algumas obras, como parte da “Batalha do Avaí”. casa pedro americo 3

O único quadro original no museu é o Cristo Morto (1901). A visita não é guiada, o que é lamentável, tamanha importância do pintor para a cidade e para a história do Brasil. A entrada é gratuita e o local também e mantido pela prefeitura municipal.

MUSEU REGIONAL DE AREIA
Ali bem ao lado da igreja da Matriz e praticamente em frente à Casa Pedro Américo está o Museu Regional de Areia, o último local que visitamos na cidade, no último dia de viagem. Uma pena, na verdade, pois o lugar deve ser um dos primeiros locais a ser visitado. Vamos explicar o porquê.

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O museu é muito rico e cheio de histórias. Lá você vai conhecer como se deu a ocupação da serra, os ciclos econômicos pelos quais a cidade já atravessou – Algodão, Café, Sisal e Açúcar – , seus principais personagens, as festas populares e muitas curiosidades do lugar. Tudo é muito organizado e explicado detalhadamente pelos guias. O que nos atendeu foi extremamente didático e atencioso, nada de decoreba. É um daqueles passeios para você perguntar, conversar e, de fato, compreender a cidade.

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Então, vale a pena planejar para que o Museu seja um dos primeiros pontos a ser visitado. O horário de funcionamento é de Quarta a Sábado, das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30, e aos Domingos, das 9h às 12h. A taxa de visitação é de apenas R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada).

O TEATRO MINERVA
Infelizmente, o Teatro Minerva, primeiro teatro do estado da Paraíba, está fechado para reforma. Ainda tentamos, por algumas vezes, fotografar a fachada, porém todas as vezes que passamos por lá havia caminhões estacionados, aparentemente em operação de carga/descarga, em frente ao prédio. Um lugar tão importante merecia um pouco mais de atenção do poder público municipal.

ATUALIZADO (26/05) – Resposta da Prefeitura
Sobre o Teatro Minerva, a Prefeitura Municipal de Areia esclareceu que Teatro Minerva acabou de receber a concessão de administração do espaço, que antes era administrado pela UFPB. De acordo com a prefeitura, o teto do palco está comprometido e, por isso, encontra-se fechado. A Prefeitura está iniciando um processo para revitalização do espaço.

O pessoal também nos enviou fotos internas e externas do Teatro Minerva. Nós agradecemos demais pela atenção e pelo contato!

18716392_1921059231511678_2078706749_n(Imagem: Codecom/PMA)

18698747_1921059124845022_1543793762_o.jpg(Imagem: Codecom/PMA)


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Uma viagem pelo Brejo Paraibano

Nos próximos posts você vai conhecer:

  • Turismo Histórico e Cultural em Alagoa Grande
  • Comida boa, hospedagem e aventura em Areia
  • Dois destinos que não podem faltar no roteiro dos apreciadores de Cachaça