As artes da Ilha do Marajó (Parte III)

Os sons e as artes do Norte foram alguns dos principais atrativos que nos levaram ao Pará. Agora imagina poder apreciar de perto o legítimo artesanato marajoara e poder curtir o autêntico carimbó! Isso você vai encontrar na cidade de Soure, e é o que faz da chamada Capital do Marajó um lugar imperdível para quem gosta de cultura popular.

Conhecer um pouco do dia a dia dos artesãos do Marajó e poder acompanhar um ensaio de um grupo tradicional de carimbó foi um privilégio, e nos deixou bastante felizes, porque encontramos, nestes dois locais, jovens que vivenciam as artes e que se orgulham de suas raízes e das tradições locais.

ARTESANATO MARAJOARA

Você já viu ou vai ver muitas peças ditas marajoaras Brasil a fora, mas o autêntico artesanato do Marajó você só encontra lá. Basta olhar para uma peça e você perceberá isso.

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Um lugar que não pode faltar no seu roteiro é a Casa de Artesanato Arte Mangue Marajó (Travessa 23, entre as ruas 12 e 13). No espaço, coordenado pelo Ronaldo Guedes, funciona um coletivo de 9 artesãos e artesãs, e lá você encontra diversas peças de cerâmica e madeira, tudo lindo e muito bem feito. Conversamos bastante com a Cilene, que nos explicou as origens, as referências, todo o processo de produção. Também falamos sobre música, carimbó, cultura popular, mídia alternativa…

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A gente não teve a sorte de encontrar muitas peças a venda, porque os artesãos precisam esperar algumas semanas para colocar todas as peças no forno de uma vez, e as prateleiras estavam um pouco vazias, mas conseguimos trazer peças muito legais. Então, se você chegar logo depois da fornada, aproveite!

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CARIMBÓ NO CRUZEIRINHO

Na tarde do nosso primeiro dia em Soure, pegamos as bicicletas e fomos passear pela cidade. Ficamos surpresos ao encontrarmos, na praça principal, um grupo de adolescentes ensaiando o Lundu Marajoara. Lembro que comentamos o quanto isso era rico e como era legal ver os jovens valorizando a cultura local. Eis que, na segunda-feira à noite, também por indicação do pessoal da pousada, tivemos uma surpresa ainda maior: o Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho.

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O Cruzeirinho, como costuma ser chamado, existe desde 1987 e é coordenado pela senhora Maria Amélia. Toda segunda-feira, a partir das 19h, o grupo se reúne para os ensaios, que são abertos aos turistas (taxa de colaboração: R$ 20). Carimbó, Lundu Marajoara, Chula Marajoara, e tantas outras manifestações, dá ver um pouco de tudo da cultura local nos passos e nas vozes dos integrantes.

Dentro do casarão, é impossível não se deixar levar pela música, pela dança e pelos sorrisos do pessoal. Foi uma noite de aprendizado e muito divertida, a ponto de sentirmos muito à vontade para arriscar uns passos de Carimbó junto com os dançarinos e dançarinas.

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Quando lembrarmos da Ilha de Marajó, vamos recordar sempre, com saudades, do Cruzeirinho e da felicidade que sentimos por estar lá.

Ilha do Marajó: as praias, as fazendas e o Rio Paracauari (parte II)

Na Ilha do Marajó, as horas parecem passar mais devagar e os dias são mais longos. Sobra tempo para aproveitar as belezas naturais da ilha, como os furos do rio Paracaurari, as praias e as famosas fazendas de criação de búfalos.

DSC_0481editLugar de clima quente e úmido (muito úmido) a Ilha do Marajó faz um calor que chega a ser estranho até para os recifenses, acostumados com “o abafado”. Então, não esqueça de se hidratar durante os passeios e curta bastante, porque é um lugar simples e único.

 

 

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PRAIAS

Tiramos uma manhã e parte da tarde para aproveitar a praia da Barra Velha, que fica a cerca de 5 km do centro da cidade. Os mais dispostos podem fazer o percurso de bicicleta, os demais podem ir de táxi (R$ 70, ida e volta) ou moto-táxi (R$ 20, ida e volta), basta pedir o transporte ao pessoal da pousada e, no carro ou moto, já deixar agendado o horário da volta. Optamos por ir de moto-táxi, que depois nos levou para conhecer uma das principais cerâmicas de Soure por R$ 5 a mais.

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A praia de rio tem uma cor amarronzada, bem diferente do que estamos acostumados no Nordeste, mas é bem limpa e o banho é muito bom. Na maré baixa, é preciso ficar atento às arraias, na maré alta, muito cuidado com as correntes. Quem nos passou todas as dicas e os cuidados para aproveitar a praia foi seu Jorge, dono da barraca Salve Jorge. Vale a pena ficar por lá provando os petiscos e depois almoçar um peixe frito.

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Ah, um detalhe importante: fomos alertados na pousada de que é preciso ficar atento na chegada à praia, na área do mangue, pois há relatos de assaltos a turistas em dias e horários de pouco movimento.

A Praia do Pesqueiro tem mais opções de bares e é mais movimentada, mas infelizmente não tivemos tempo de conhecê-la.

FAZENDAS

Um dos atrativos mais conhecidos e mais vendidos da ilha, que inclusive nos influenciou bastante a procurar esse destino, são os passeios pelas fazendas. Não sei se devido à época do ano ou se esperávamos demais, mas o passeio que fizemos foi um pouco decepcionante.

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Nas duas principais fazendas você pode montar no búfalo, fazer caminhadas pelas propriedades e conhecer a fauna e a flora da ilha. No que fizemos, o “passeio” no búfalo é bastante rápido e curto, e a caminhada, de tão longa, ficou repetitiva e extremamente cansativa. Foram 4 km sob o sol e com poucas passagens pela vegetação nativa, tempo e distância suficientes para pensarmos, por exemplo, na domesticação dos búfalos e no uso dos animais para montaria. Vale a pena?

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Em época de chuva, parte da fazenda fica alagada e um trecho do roteiro é feito em canoas, o que deve ser muito legal. Outros pontos positivos são os lanches de comidas típicas, que são deliciosas, e as belas paisagens que você pode fotografar, com guarás, colhereiras e garças, além de – claro – os búfalos.

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PASSEIO DE BARCO PELO RIO PARACAUARI

Soubemos deste passeio através do pessoal da Pousada Canto do Francês, onde ficamos hospedados. Para quem quer conhecer melhor a relação dos marajoaras com o rio Paracauari, essa é uma ótima opção. O passeio custa R$ 90 por pessoa, mas se você conseguir juntar um grupo maior com pessoas legais (foi o nosso caso) , rola um bom desconto.

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Durante o passeio você vai ver um pouco do dia-a-dia às margens do rio: o transporte entre Soure e Salvaterra, os guris brincando, tomando banho ou treinando os cavalos na água para a grande Corrida de Marajó (que percorre boa parte das fazendas), o transporte de mercadorias e a pesca.

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A primeira parada é no cortume, onde são vendidas sandálias, bolsas, carteiras e outros produtos de couro de búfalo. Depois o barco segue para os furos e, na volta, começa a parte da aventura: mergulhar no rio com colete e boia e ser puxado pelo barco através de uma corda! Dica: segure bem na boia, sobretudo na hora de voltar para o barco.

É uma boa opção para quem quer compreender melhor o povo e o lugar. Rende boas fotos e boas histórias.

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CONFIRA AQUI : Cinco dias inesquecíveis na Ilha do Marajó (Parte I)

Cinco dias inesquecíveis na Ilha de Marajó – PA (parte I)

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A dança, a música e o artesanato da Ilha de Marajó. As artes e os sabores da Ilha de Marajó. Uma viagem pela cultura marajoara. Ilha de Marajó: é como voltar no tempo. Difícil de chegar, difícil de esquecer. Qualquer um desses títulos representaria bem o que foram os cinco dias em Soure, na Ilha do Marajó. Mas, neste primeiro texto de uma série de três, decidimos resumir um pouco de tudo em um só adjetivo: inesquecível.

Visitar a Ilha de Marajó é visitar um Brasil distante, que ficou guardado no tempo e, por isso mesmo, especial. Esqueça a ideia de ilha paradisíaca, com praias de águas mornas e cristalinas, dias de agitação e noites badaladas. Lá o que encanta e atrai são a simplicidade e a certeza de que você está em um lugar único. O lugar do carimbó, do lundu, dos búfalos que pastam pelas ruas de terra, da carne de búfalo e do queijo de marajó.

COMO CHEGAR

Você chega em Soure de navio ou de lancha rápida. O transporte de passageiros é feito diariamente, com embarque no terminal do galpão 9 da Estação das Docas, em Belém. As passagens custam entre R$ 35 (para o terminal de Salvaterra) e R$ 48 (direto para Soure). A lancha rápida sai a partir das 7h e a viagem dura cerca de 1h30, já de navio, a viagem é bem mais longa: 3h30.

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O percurso pela Baía do Marajó é de aproximadamente 80 km de muitas, muitas ondas. Assim, quem tiver problema com enjoo, não esqueça de tomar alguma medicação 30 minutos antes da viagem e evite se alimentar neste período. Entre os meses de setembro e novembro, os ventos são fortes e “a maré joga demais”, como dizem os moradores, que recomendam viajar pela manhã – quando os ventos estão menos fortes.

Ah, se for no domingo, você vai descer em Salvaterra e de lá pegar uma van/micro-ônibus para Soure. Foi o nosso caso. Viajamos com o Edgar, que foi super-atencioso e acertou tudo com a gente na noite do dia anterior à viagem (Edgar Turismo & Transporte: 91-99378-7711). As empresas que fazem o transporte fluvial são a Banav (www.banav.com.br) e a Arapari (91-3241-4977).

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COMO SE DESLOCAR NA CIDADE

Creio que nos cinco dias que estivemos lá, não vimos mais que 20 carros. O transporte é de táxi, sem taxímetro, custa entre R$ 20 (o mínimo, dentro da cidade) a R$ 90 (ida e volta, para a Praia do Pesqueiro, por exemplo), ou de moto-táxi. Outra opção muito boa é alugar uma bicicleta, que sai por R$ 2 a hora, em média, e dá para negociar a diária. Também dá para fazer muitos trechos caminhando, pois é muito fácil se localizar em Soure – as ruas e travessas são todas numeradas – e mesmo à noite, em que muitas ruas estão bem escuras, o risco de você ser assaltado é bem pequeno.

Sempre peça indicação de taxistas e moto-taxistas ao pessoal da pousada, e confirme se é realmente seguro ir caminhando ou de bicicleta para determinados locais.

ONDE COMER
Perto da pousada onde ficamos hospedados, a melhor opção para refeição é o Solar do Bola. O restaurante serve pratos típicos e pizzas de sabores tradicionais ou nem tanto, como camarão com jambu, por exemplo. O lugar é simples, o preço é justo.

Também vale a pena conhecer o Café de Soure, conhecido por lá também como “o crepe do francês”. Lá você encontra pratos bem legais com ingredientes locais a um preço muito bom. O lugar é aconhegante e, do lado de fora, dá para você observar um pouco da rotina da pequena cidade.

Para aliviar o calor: sorvete Ice Búfalo, que leva leite de búfala, doce de leite de búfala e queijo de marajó. Descobrimos este sorvete por acaso, quando paramos na Ilha Bela Pousada e Restaurante para tomar uma água e descansar do passeio de bicicleta, e, olhe: é muito bom!

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NOS PRÓXIMOS TEXTOS
As praias, as fazendas e o rio Paracuari (Parte II)
Artesanato, dança e música na Ilha do Marajó (Parte III)

Engenho Lagoa Verde: cachaça e turismo rural em Alagoa Grande-PB

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Quem chega à simpática Alagoa Grande, na encosta da Serra da Borborema, também não pode deixar de visitar o Engenho Lagoa Verde, produtor da premiada Volúpia. Além de conhecer detalhadamente como é feita uma das principais cachaças da Paraíba, o local oferece opção de ecoturismo e a ótima cozinha regional, do restaurante Banguê.

O mês de outubro é a melhor época para visitar o Lagoa Verde, pois é quando o engenho retoma a moagem da cana. Um detalhe bem legal desta etapa do processo é que a moenda de lá ainda funciona com máquina a vapor.

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Você também vai poder ver a sala de fermentação, que contém cerca de 20 tonéis, a sala de envasamento e de rotulagem do produto e, em seguida, visitar a área onde estão os três alambiques de cobre. Tudo bastante limpo e organizado a fim de garantir a qualidade das cerca de 600 garrafas (670ml) produzidas diariamente.

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É impossível não se impressionar com a adega, onde ficam os diversos barris de freijó e carvalho, e com o depósito onde estão dornas de até 10.000 litros. Detalhe: não fazem parte da visita outras dornas gigantescas de 35.000 e 140.000 litros.

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Há, ainda, uma sala de degustação em que estão à disposição provas de cachaças e dos coquetéis de frutas, e uma lojinha, onde se compra garrafas de vários tamanhos (de vidro ou de porcelana), lembrancinhas, livros e doces produzidos na região. O visitante também encontra expostas algumas garrafas com o antigo rótulo da marca e prêmios ganhos pela Volúpia.

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ECOTURISMO
Para o passeio ficar completo, a pedida é agendar uma trilha (trekking) pelo engenho. São quatro opções, com níveis de dificuldades e percursos distintos. O agendamento pode ser feito por telefone (83-999820407).

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Todos os sábados, durante o almoço, tem forró pé-de-serra ao vivo, no restaurante.

COMO CHEGAR?
Após o centro de Alagoa Grande, siga em direção à saída que leva à Areia. Imediatamente antes da ponte na encosta da serra, vire à esquerda. Você passará por uma pequena vila e, em seguida, precisará percorrer cerca de 2,5km em uma estrada de barro. O Engenho Vale Verde estará à sua esquerda.

SITE: cachacavolupia.com.br
FACEBOOK: www.facebook.com/cachacavolupia

 

Visita ao Engenho Triunfo

Produtor de uma das cachaças paraibanas mais conhecidas e dona de um rótulo singular que homenageia a cidade de Areia, o Engenho Triunfo é um bom destino para quem aprecia a bebida. Fica pertinho da cidade, é bem fácil de chegar e, além de conhecer todo o processo de produção da caninha, o visitante ainda compra cachaças exclusivas, que só se encontra por lá.

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A Cachaça Triunfo foi criada em 1994 pelo casal Antônio Augusto e Maria Júlia. Foram várias tentativas e muito trabalho, até que a família chegou na receita ideal da bebida, que caiu no gosto do povo – a um preço bastante acessível. Hoje a Triunfo produz 250 mil garrafinhas (250 ml) por mês e gera cerca de 70 empregos diretos e 1000 indiretos, movimentando o turismo e a economia da região (saiba mais aqui).

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O engenho fica localizado na zona rural de Areia, próximo à Casa do Doce. Para chegar lá, basta seguir pela PB-079 e entrar à esquerda após o campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A visita custa R$ 5 por pessoa, mas hóspedes do Hotel Fazenda Triunfo (foi o nosso caso) não pagam a entrada – lembre-se de pedir os tickets para a visita na recepção do hotel.

A visita é guiada e dura cerca de uma hora. Dependendo da época do ano você poderá ver todo o processo de produção, desde a moagem até o envazamento. Mas, caso você vá no período da entressafra, não se preocupe: você vai receber todas as explicações sobre os processos de produção da bebida. Vale lembrar que a partir do mês de setembro começa a colheita da cana, então, é uma boa época para visitar os engenhos do Brejo Paraibano.

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Além da cachaça pura (a branquinha), a Triunfo hoje produz outras quatro variedades: as armazenadas (por seis meses) em barris de umburana, carvalho e jequitibá rosa, e ainda a bidestilada, uma edição limitada, vendida em uma garrafa de porcelana preta e dourada.

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A Triunfo branquinha e a armazenada em barril de umburana podem ser encontradas no mercado, mas as armazenadas em Carvalho, em Jequitibá Rosa e a Bidestilada, você só encontra na lojinha do engenho. Lá são vendidas garrafas de vários estilos, tamanhos e cores, além de canecas, xotes e outras lembrancinhas. Lembre-se de levar dinheiro em espécie, pois o sinal da internet não é muito bom e a maquininha pode não funcionar.

 

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CACHAÇA TRIUNFO
Site: cachacatriunfo.com.br
No Facebook: https://www.facebook.com/cachacatriunfooficial/

Pronta para receber o turista e cheia de histórias, Areia surpreende

Imagina você sair de casa planejando conhecer engenhos de açúcar e cachaça, uma loja de doces, alguns museus importantes e, de quebra, ainda fotografar belas casas preservadas. Agora imagina você chegar ao destino e logo se surpreender com uma cidade preparada para o turismo e cheia de história! Foi assim com Areia, no Brejo Paraibano.

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Localizada no topo da Serra da Borborma, a 618 metros de altitude, Areia possui cerca de 420 imóveis tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2006, e é cercado por belas vistas da serra. Além disso, reúne curiosisdades que tornam a cidade ainda mais interessante. Lá surgiram a primeira banda filarmônica da Paraíba, o primeiro curso de Agronomia do Nordeste, o primeiro jornal e o primeiro teatro do estado, e lá a escravatura foi abolida antes da Lei Áurea. Areia também é a terra onde nasceu o pintor Pedro Américo – autor de um dos quadros mais famosos do nosso país – e do escritor José Américo, percursor do Regionalismo na literatura brasileira. E tem muito mais!

No centro, a simpática rua Getúlio Vargas, com suas coloridas casas tombadas, por si só, já é um atrativo que rende belas imagens. Mais do que isso, tem uma energia boa que mistura nostalgia,  tranquilidade e alegria. A praça cheia de conversas no final da tarde, o comércio pulsando em imóveis preservados e o povo nas calçadas, interagindo ou vendo o tempo passar. Em tempos de correria, trânsito intenso e encontros rápidos apenas em mídias sociais, Areia mostra para nós que é possível sim viver a cidade.

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BUDEGA DO VAVÁ
Um bom lugar onde você pode observar e vivenciar tudo isso é a Budega do Vavá, que funciona lá no centro há 37 anos. De um lado, prateleiras com cachaça, rapadura, açúcar, mel de engenho, manteiga, queijos, fuba e outros produtos da região; do outro, instrumentos musicais e outros objetos que contam um pouco da história da família e da cidade, além de sourvenis. A bodega é estreita, mas sobra espaço mesmo é para uma boa conversa.

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João Chianca, filho do seu Vavá, contou que o pai gostava de conversar e contar as histórias da cidade, antes mesmo de falarem em Turismo Rural por lá. Com a morte do Vavá, há cerca de dois anos, João tocou o negócio e incrementou com uma visão mais voltada para os turistas. Ele nos passou várias dicas e falou um pouco da história e do dia a dia de Areia. Passamos um bom tempo por lá conversando. Vale a pena visitar.

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SOLAR JOSÉ RUFINO
Em frente à Budega está a interessante Casa das 11 portas (hoje dividida entre alguns estabelecimentos comerciais) e o Solar (ou Casarão) José Rufino, na Praça Pedro Américo. O prédio foi erguido pelo português Jorge Torres em 1818 e possui uma das duas únicas senzalas urbanas do Brasil ainda preservadas. São doze salas minúsculas que cercam um pátio, onde eram comercializados os escravos, e contam parte desse capítulo triste da nossa história.

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A entrada é gratuita e a visita é guiada. Na sala principal, alguns quadros de artistas locais estão expostos e à venda, nos demais cômodos, alguns objetos e móveis que fazem referência à época. Por trás do pátio, a vista que se tem da serra também vale a pena conferir. O casarão, onde também funciona a secretaria municipal de Turismo, é bem conservado e hoje pertence à Justiça, mas é mantido pela prefeitura.

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CASA PEDRO AMÉRICO
A obra Independência ou Morte talvez seja a pintura mais conhecida entre os brasileiros, está em praticamente todos os livros de História, ilustrando o momento em que Dom Pedro I, montado num cavalo e empunhando uma espada, rompe com a Coroa Portuguesa. O que pouca gente sabe é que o autor dessa obra é paraibano, e, mais: natural de Areia.

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A casa onde Pedro Américo viveu parte da infância hoje é um pequeno museu. Lá estão expostos objetos pessoais do artista, réplicas de estudos e de algumas obras, como parte da “Batalha do Avaí”. casa pedro americo 3

O único quadro original no museu é o Cristo Morto (1901). A visita não é guiada, o que é lamentável, tamanha importância do pintor para a cidade e para a história do Brasil. A entrada é gratuita e o local também e mantido pela prefeitura municipal.

MUSEU REGIONAL DE AREIA
Ali bem ao lado da igreja da Matriz e praticamente em frente à Casa Pedro Américo está o Museu Regional de Areia, o último local que visitamos na cidade, no último dia de viagem. Uma pena, na verdade, pois o lugar deve ser um dos primeiros locais a ser visitado. Vamos explicar o porquê.

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O museu é muito rico e cheio de histórias. Lá você vai conhecer como se deu a ocupação da serra, os ciclos econômicos pelos quais a cidade já atravessou – Algodão, Café, Sisal e Açúcar – , seus principais personagens, as festas populares e muitas curiosidades do lugar. Tudo é muito organizado e explicado detalhadamente pelos guias. O que nos atendeu foi extremamente didático e atencioso, nada de decoreba. É um daqueles passeios para você perguntar, conversar e, de fato, compreender a cidade.

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Então, vale a pena planejar para que o Museu seja um dos primeiros pontos a ser visitado. O horário de funcionamento é de Quarta a Sábado, das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30, e aos Domingos, das 9h às 12h. A taxa de visitação é de apenas R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada).

O TEATRO MINERVA
Infelizmente, o Teatro Minerva, primeiro teatro do estado da Paraíba, está fechado para reforma. Ainda tentamos, por algumas vezes, fotografar a fachada, porém todas as vezes que passamos por lá havia caminhões estacionados, aparentemente em operação de carga/descarga, em frente ao prédio. Um lugar tão importante merecia um pouco mais de atenção do poder público municipal.

ATUALIZADO (26/05) – Resposta da Prefeitura
Sobre o Teatro Minerva, a Prefeitura Municipal de Areia esclareceu que Teatro Minerva acabou de receber a concessão de administração do espaço, que antes era administrado pela UFPB. De acordo com a prefeitura, o teto do palco está comprometido e, por isso, encontra-se fechado. A Prefeitura está iniciando um processo para revitalização do espaço.

O pessoal também nos enviou fotos internas e externas do Teatro Minerva. Nós agradecemos demais pela atenção e pelo contato!

18716392_1921059231511678_2078706749_n(Imagem: Codecom/PMA)

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Você já viu:

Uma viagem pelo Brejo Paraibano

Nos próximos posts você vai conhecer:

  • Turismo Histórico e Cultural em Alagoa Grande
  • Comida boa, hospedagem e aventura em Areia
  • Dois destinos que não podem faltar no roteiro dos apreciadores de Cachaça

Uma viagem pelo Brejo Paraibano

Em nossa primeira viagem pelo Partiu Interior fora de Pernambuco, conhecemos um pouco do Brejo Paraibano, uma região que encanta e surpreende, onde Turismo Rural, Turismo de Aventura e Turismo Histórico e Cultural caminham lado a lado. Foram três dias intensos, percorrendo alguns dos principais atrativos dos municípios de Alagoa Grande e de Areia, e os detalhes dessas visitas você acompanha aqui, ao longo das próximas semanas.

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PARA TODOS OS GOSTOS
O Brejo Paraibano reúne um casario antigo e preservado, cercado por belas paisagens naturais. Possui muitas e boas opções para quem gosta de cachaça, outras para quem curte conhecer engenhos, casas e histórias do século passado, também para quem prefere se aventurar em trilhas a pé ou de 4×4 e, claro, para quem quer simplesmente comer bem e descansar.

“Como vocês descobriram essas cidades? O que tem por lá?” Essas foram algumas das perguntas que mais ouvimos nos dias que antecederam nossa viagem. E não é para menos: se o próprio interior de Pernambuco ainda é pouco conhecido por boa parte dos pernambucanos, imagine duas pequenas cidades localizadas a mais de 100 quilômetros da capital paraibana? Pois bem, respondendo, nosso primeiro contato com Alagoa Grande e Areia foi a partir da publicação Roteiro Integrado da Civilização do Açúcar, elaborado pelo SEBRAE e lançado em 2009.

Como o material está perto de completar dez anos, foi preciso pesquisar e telefonar para engenhos, museus, hotéis afim de sabermos o que (ainda) tem por lá. Com nossa listinha de locais para visitar, partimos no dia 1º de maio.

EM ALAGOA GRANDE
Localizada na encosta da Serra da Borborema, Alagoa Grande fica distante 103 quilômetros de João Pessoa (PB) e possui um dos portais mais legais que já passamos até hoje: um pandeiro gigante, referência ao seu filho ilustre, o Jackson do Pandeiro.

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A visita ao Espaço Cultural Jackson do Pandeiro é parada obrigatória. Lá você vai encontrar documentos, discos e objetos pessoais do chamado Rei do Ritmo. Um lugar sensacional para quem gosta de música popular.

É interessante visitar também o Museu Margarida Maria Alves, agricultora e líder sindical que foi assassinada dentro de casa em 1983 por lutar pelos diretos trabalhistas de agricultoras e agricultores. Conhecer este lugar é vivenciar a luta de uma mulher que inspira trabalhadoras do campo até hoje através da Marcha das Margaridas (Clique aqui para saber mais).

Ainda em Alagoa Grande, vale muito a pena visitar o Engenho Lagoa Verde, que produz a premiada cachaça Volúpia. Distante cerca de 2,5km da área urbana, o lugar é ideal para conhecer o processo de fabricação da bebida e ainda conta com um restaurante rural, o Banguê. Agendando também é possível fazer trilha (trekking) na mata serrana nativa preservada no engenho.

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EM AREIA
No topo da Serra da Borborema, a 618 metros de altitude, está a simpática Areia. O conjunto arquitetônico da cidade é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2006, e cercado por belas vistas da serra.

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Passear pelo centro da cidade já é, por si só, um atrativo, é como se você viajasse pelo tempo até o século XIX. Na área tombada, são aproximadamente 420 imóveis, entre os quais se destacam o Solar José Rufino – um casarão que contém uma das duas únicas senzalas urbanas do Brasil ainda preservadas – a casa do pintor Pedro Américo, o Museu regional de Areia e a Budega do Vavá, um ótimo lugar para comprar cachaça, doces, rapadura, mel de engenho e lembrancinhas.

Comida boa e Turismo Rural também não faltam. Vale a pena almoçar no Restaurante Vó Maria – comida regional, sem agrotóxicos a um preço justo – e jantar no sofisticado Bambu Brasil. A sobremesa fica por conta da Casa do Doce, um destino imperdível, cheio de sabores. Perto de lá, siga até o Engenho Triunfo para conhecer a produção de uma das cachaças mais vendidas da Paraíba e que leva o belo casario de Areia estampado no rótulo.

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COMO CHEGAR
Do Recife até a cidade de Alagoa Grande existem duas opções, mas a que recomendamos é: ir pela BR-101 até João Pessoa e de lá pegar a BR-230 – a famosa Rodovia Transamazômica – até Juarez Távora e de lá seguir pela PB-79. As BRs são duplicadas e bem conservadas, e a rodovia estadual também não tem problemas, é segura e bem sinalizada. A subida da serra é íngreme  e com curvas acentuadas, mas basta manter-se atento(a) e dentro do limite de velocidade.

A outra opção – apontada pelo Google como a mais rápida – é seguir pela BR-101 até Goiana e lá pegar a PE-75/BR-408 para Pedra de Fogo, Itabaiana e depois a BR-230 e PB-79. No entanto, não recomendamos este caminho. Voltamos por ele e, no lado pernambucano, passamos por muitos buracos (que obrigam você a parar ou pegar a contra-mão), trechos em reformas e curvas perigosas. Não compensam os minutinhos a menos.

CONTINUA
Todos os detalhes destes locais você conhecerá em nossas próximas postagens, pois é tanta coisa boa em Alagoa Grande e Areia que tornaria o texto interminável.

José Bezerra e a arte bruta do Catimbau

No universo que é o Vale do Catimbau, onde ventos e pedras moldam a imaginação, de repente, a branca e espinhosa caatinga se confunde com aves, lagartos, cobras, cabeças e pessoas de madeira, que se espalham pelo chão quente e avermelhado, em volta uma casa simples, de taipa. Paredes, animais e arte, tudo feito à mão. É o mundo de José Bezerra, escultor.

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Sertanejo, de pele dourada, cabelos grisalhos e chapéu de couro, José Bezerra recebe a todos ali, no seu próprio mundo. Entre as peças que repousam no chão seco, ele conta que tudo aquilo começou em um sonho. Sonhou com uma escultura e algo lhe dizendo que “seria um grande artista”. Pronto, acordou e partiu pela vegetação em busca do pedaço de madeira que viu enquanto dormia. Fez a escultura e foi apenas a primeira.

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O artista tem a preocupação de trabalhar com galhos caídos, não corta a madeira da caatinga para fazer suas peças. “Eu olho a madeira no chão, vejo um pássaro, vou lá e talho o pássaro”, conta. Bezerra afirma que precisa comprar madeira em Petrolina para esculpir a maior parte de suas peças.

Lá no ateliê, de paredes de taipa, teto de palha e chão de lascas de madeira, o Zé Bezerra conta um pouco de sua história, além de causos e nos mostra outro talento: a música. Com um berimbau de madeira, chaleiras e arame, ele canta as próprias músicas, de improviso. “Eu vou juntando as letras, acrescentando uma coisa aqui, outra ali, e nunca uma música sai igual à outra”.

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O toque rápido e preciso no instrumento monocórdico nos remete às nossas origens árabes – que explora os diversos tons, semitons e tudo o que mais tiver entre cada um deles. É um som puro, longe das convenções e padrões teóricos da música ocidental, é bruto, e, por isso, belo.O timbre e a afinação do artista impressionam, e é quase impossível não querer fazer um som junto com ele e fazer parte daquele mundo (agora sonoro) por alguns minutos.

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Tentei tocar o berimbau e ele logo pediu licença para ir em casa. Voltou com uma zabumba e disse: “vamos lá?”.

Ditou o pulso, o ritmo, e cantou o Sertão.

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Vale do Catimbau II – Como planejar as trilhas

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Já apresentarmos um pouco da viagem, da cidade de Buíque e da Vila do Catimbau no texto anterior (clique aqui), agora chegou a hora de falarmos sobre o principal: como planejar a viagem para o Parque Nacional do Catimbau.

Uma coisa é certa: não é tão fácil encontrar informações atualizadas na Internet sobre o lugar. Por isso, vamos contar um pouco da nossa experiência  e trazer detalhes e dicas importantes. Ah, e se ficar alguma dúvida, é só entrar em contato conosco pelos comentários, por e-mail (partiuinterior@gmail.com) ou em nossa página no Facebook (@partiuinterior). Será um prazer ajudar.

HOSPEDAGEM E REFEIÇÕES
Existem opções de hospedagem na cidade de Buíque e na Vila do Catimbau. Ficamos hospedados na pousada Santos, pois recebemos recomendações de leitores e de amigos de que ela seria a melhor da cidade. A pousada é bem simples e limpa, não tivemos nenhum problema. A diária custa R$ 110,00 (casal) e inclui café da manhã.

Se você vai passar o dia no Parque Nacional do Catimbau, saiba que não há restaurante na Vila. Você precisa encomendar o almoço pela manhã, antes do passeio, e marcar o horário para voltar e almoçar. Nós não almoçamos lá porque chegamos tarde (10h20), então fizemos um lanche em uma padaria ao lado da associação dos guias.

Jantamos na Pizzaria Tavares, na pracinha ao lado da rodoviária. Legal e baratinho.

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OS PASSEIOS
Ao chegar na Vila (para saber mais, clique aqui), procure a Associação dos Guias de Turismo do Catimbau (AGTURC). Lá será apresentado um catálogo com cerca de dez opções de trilhas, desde as mais leves até as que exigem um pouco mais, e você poderá fazer quantas quiser ou aguentar. O ideal é combinar com o guia uma maneira de aproveitar o máximo o dia, associando uma ou duas caminhadas curtas e uma longa em cada turno.

Você irá contratar o guia pela diária, que custa R$ 100, seja para passeio individual ou em grupo de até 10 pessoas. Geralmente o guia vai no seu carro, mas caso o veículo esteja lotado, você pode contratar um que tenha moto. Nosso guia foi o José Almeida (87-96637207), um senhor discreto, meio calado, mas que conhece muito bem a região e nos contou histórias engraçadas.

AS TRILHAS
De carro, passamos pelas pedras do Cachorro, do Cavalo Marinho e do Camelo, pela casa do artesão José Bezerra (tema do próximo post) e por paisagens bem características do Sertão até chegamos a nossa primeira trilha – a Umburana. São inúmeras pedras moldadas pelos ventos e com formatos que brincam com sua imaginação. Jacarés, dinossauros, tartarugas, bruxa, navio, lagarto, leão…

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A trilha é curta, mas tem subidas e descidas um pouco íngremes e exige atenção com as pedras. O esforço vale a pena, pois de lá você também vê parte de Arcoverde, do povoado de Cruzeiro do Nordeste, além do vale. A imensidão do semiárido surpreende e encanta.

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Depois fomos para a Pedra da Igrejinha, que ganha esse nome pelo formato de uma das pedras, que lembram a janela/porta de uma igreja. Com um carro mais alto, é possível chegar bem próximo do local. Lá é ideal para pegar uma sombra (e com o calor que faz lá isso vale muito a pena) e rende boas fotos.

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Na última parada do passeio, fizemos a trilha dos Homens sem Cabeça, que passa por um dos sítios arqueológicos do Vale, e depois a trilha do Chapadão. O caminho é longo, algumas subidas chatas, muito calor, mas o lugar é fantástico. Cada passo e cada parada para respirar é compensada lá em cima, quando você vê aqueles imensos braços de terra e pedras abraçarem o Sertão.

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São 300 metros de altura, mas sabe o que se escuta de lá? Os chocalhos de bodes e cabras que pastam por ali por perto. O som é belo e tranquiliza. Chamei de “Sinfonia Sertaneja”. Segundo o guia, os pastores deixam os animais ali por alguns dias se alimentando e depois voltam para buscá-los. Ir ao Vale do Catimbau é viajar por outros tempos.

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Deixamos o Chapadão após um pôr do sol de encher a vista. Já à meia luz, o Sertão parece menos desafiador, menos hostil, mas igualmente encantador para nossos seis sentidos. Saímos do Vale do Catimbau com a certeza de que iremos voltar assim que for possível, talvez após um período de chuva (que tomara que venha logo), para vermos tudo aquilo tomado pelo verde.

 

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Associação dos Guias de Turismo do Catimbau (AGTURC)
Site: agturccatimbau.blogspot.com.br
Contato: (87) 3816-3052
Pousada Santos: (87) 3855-1267

Saiba mais: 
Vale do Catimbau I – A viagem, a cidade e a vila 

José Bezerra e a arte bruta do Catimbau

Vale do Catimbau I – A viagem, a cidade e a vila

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Você já percebeu que uma das propostas do nosso blog é buscar destinos interessantes no interior, mas aqueles que não são muito conhecidos ou os que são pouco lembrados. Por isso, em quase todas as viagens que fizemos até agora, saímos de casa sem muita certeza se daria certo ou não. Às vezes o passeio não sai como planejado, e aí vem a frustração e a mudança rápida no roteiro, às vezes tudo acontece como previsto, então vem aquela satisfação pela (re)descoberta. Mas e quando o lugar surpreende? Aí a gente fica uns dias meio anestesiados, a dificuldade para selecionar as fotos é enorme, e logo vem a vontade de voltar lá assim que for possível.

Foi exatamente isso que aconteceu com nossa visita ao Vale do Catimbau, uma das 7 maravilhas de Pernambuco e ainda pouco conhecida. Saímos de casa cedinho na expectativa do que iríamos encontrar e, 235 quilômetros e algumas horas depois, demos de cara com um lugar lindo, imponente, moldado pelas forças da natureza.

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A VIAGEM
Criado em 2002, o Parque Nacional do Catimbau possui mais de 62 mil hectares de área e abrange três cidades: Buíque, Ibimirim e Tupanatinga. O acesso mais fácil é por Buíque, basta seguir pela BR-232 até Arcoverde e pegar a PE-270, em frente ao Posto BR. A estrada é boa, mas exige atenção, pois há trechos de subida com curvas acentuadas e outros com alguns buracos na faixa da esquerda.

Saímos do Recife às 5h20 e chegamos lá depois das 9h30 (com uma parada para lanche em Arcoverde), o que impossibilitou de fazermos as trilhas pela manhã. Então, para aproveitar bem, vale a pena chegar no dia anterior à noite, dormir em Buíque e no outro dia seguir para a Vila do Catimbau.

A CIDADE E A VILA
Se já é difícil encontrar informações na internet sobre o Vale do Catimbau, na cidade não é diferente. Praticamente não há sinalização indicando como chegar à vila, ou mesmo uma referência ao principal atrativo do município. Mas, sem estresse, siga pela PE-270 e, já se distanciando da área mais urbanizada, você avistará uma placa à direita indicando o Vale do Catimbau.

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A vila fica a cerca de 15 quilômetros e a estrada é de terra. Também falta sinalização, mas é fácil encontrar a Associação dos Guias de Turismo do Catimbau (AGTURC), basta perguntar a algum morador. Foi o que fizemos, e com poucas palavras já deu pra sentir o que é o Sertão.

– Bom dia, senhor, onde fica a Associação dos Guias?
– Tem errada não, tá vendo aquela igrejinha? Só entrar ali e ir em frente.
– Obrigado!
– De jeito nenhum!

A Associação fica na pracinha, em frente à igreja e ao lado de uma padaria. É lá que você vai conhecer as opções de passeios e combinar como será o seu dia no Vale do Catimbau. Mas os detalhes disso tudo a gente conta no próximo post. Por enquanto, só um aperitivo. Até lá!

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