Voltamos ao Carnaval de Nazaré da Mata, a Terra do Maracatu Rural

Caboclo Maracatu RuralComo de praxe em nosso Carnaval, reservamos a segunda-feira para visitar Nazaré da Mata, a terra do Maracatu Rural, e fotografar as diversas personagens dessa manifestação cultural tão característica da Zona da Mata de Pernambuco. Nós fazemos este passeio há pelo menos quatro anos e, em 2019, a festa foi uma das mais bonitas.

Os maracatus estavam mais coloridos, havia mais pessoas na rua, mais comerciantes no entorno da praça e mais visitantes para fotografar as evoluções encantadoras dos caboclos de lança e para correr das chicotadas das burrinhas que abrem espaço para os desfiles. Resumindo: o Carnaval foi mais animado!

Arreia-má Nazaré da Mata Maracatu

Caminhar pela Rua Dantas Barreto (ou a Rua da Prefeitura, para nós nazarenos) é certeza ficar ainda mais próximo dos maracatus. O terno acertando o toque, os caboclos e as baianas descansando ou bebendo sentados no meio-fio ou debaixo das marquises, as fantasias e lanças marcando o lugar no meio da rua. É lá também que a gente encontra poetas populares como o experiente Mestre João Paulo e jovens Mestre Anderson Miguel – do Águia Misteriosa – e Mestre Bi, do Estrela Brilhante. É de lá que a gente sai com a certeza de que o Maracatu Rural está ainda mais vivo e mais forte.

À tarde, visitamos rapidamente a Praça do Frevo, que este ano estava repleta de foliões para verem as apresentações das centenárias orquestras Capa Bode e Revoltosa.  A grande atração da noite foi o cantor Alceu Valença, que fez a praça da Catedral ficar lotada não só de nazarenos, mas de visitantes e turistas de várias cidades vizinhas.

Maracatu espera Nazaré da Mata

O Ponto negativo, mais uma vez, foi a limpeza. Infelizmente, era grande a quantidade de lixo acumulada no canto das calçadas e em locais próximos às barracas, e, com a chuva do meio da tarde, tudo ficou espalhado. Vimos a equipe de varrição recolher o lixo na praça principal, ainda durante os desfiles, mas talvez seja necessário aumentar o efetivo em 2020 para que a festa continue melhorando a cada ano.

Caboclo criança Maracatu rural

 

 

 

Engenho São Bernardo: turismo rural bem pertinho do Recife

A cidade de Paudalho, a apenas 37 quilômetros do Recife, é conhecida por ser um dos principais destinos de romeiros do Brasil, movidos pela fé em São Severino dos Ramos. Localizada às margens do rio Capibaribe, é também repleta de histórias, que podem ser relembradas em locais como a antiga ferroviária, a igreja de Santa Teresa, as ruínas do mosteiro de São Francisco e a Ponte do Itaíba, inaugurada em 1871 por Dom Pedro II. Há pouco mais de dois anos, Paudalho também entrou na rota do Turismo Rural, com o Engenho São Bernardo.

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O engenho hoje dispõe de piscinas, riacho, banhos de açude com escorrego, banho de bica e pesque-solte. Para quem prefere descansar, o local conta com um redário bem aconchegante e um píer coberto que dá vontade de passar o dia por lá aproveitando a sombra e o barulhinho tranquilo da água passando em volta. Um detalhe importante e que merece destaque é que a administração do engenho teve o cuidado de sinalizar todos os espaços com avisos de segurança.

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Já para quem quer aproveitar bem o dia, o empreendimento também dispõe de churrasqueira, área coberta e campo de futebol. Também está sendo construído um parquinho para as crianças e uma área está sendo recuperada com o plantio de árvores. Os visitantes também têm acesso à casa grande e à capela do engenho. A intenção é que, no futuro, também sejam oferecidas opções de trilhas ecológicas pela propriedade.

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AGENDAMENTO
Por enquanto, o Engenho São Bernardo só atende a grupos de 20 a 60 pessoas, através de agendamento. Os preços variam de acordo com a quantidade e com as refeições contratadas (só café da manhã ou café da manha e almoço). Não há hospedagem. O espaço também pode ser alugado para eventos como confraternizações, aniversários e casamentos.

O agendamento pode ser feito por telefone, no número (81) 99952.0177.

COMO CHEGAR
Paudalho está às margens da BR-408, então é super simples e rápido de chegar. O Engenho São Bernardo fica em frente ao engenho onde acontecem as romarias ao São Severino dos Ramos, então basta seguir a sinalização. Não tem erro, e a estrada é toda pavimentada.

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Vai pegar a estrada para a Mata Norte? Conheça o restaurante Sabor do Sertão

A Zona da Mata Norte é maravilhosa para quem curte pegar a estrada e conhecer cidades pequenas e cheias de história, e também para quem quer começar a descobrir bons destinos de Turismo Rural. Saindo do Recife pela BR-408 (duplicada até Carpina) você chega facilmente a vários dos destinos que já visitamos pelo Partiu Interior (clique aqui e confira), em cidades como Lagoa do Carro, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Buenos Aires e Vicência. E é no 40 km desta BR, em Paudalho, que os viajantes encontram uma ótima opção para café da manhã e almoço: o Sabor do Sertão.

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O restaurante regional funciona de quinta a domingo, das 6h30 até as 16h. O café da manhã é servido até as 10h e, a partir das 11h, os clientes já podem fazer os pedidos para o almoço. O menu traz diversas opções de comida regional, servidas a la carte. O carro-chefe é a carne de sol, mas também são servidos pratos típicos como galinha à cabidela, bode guisado, além de sobremesas como cartola e queijo de coalho com mel de engenho. Os preços também são variados, com opções individuais e pratos completos, que servem até três pessoas.

A área do restaurante é bastante arborizada, o que é acolhedor e muito agradável. Imagina tomar café da manhã ou almoçar observado as árvores, as flores, e descansar na sombra antes de voltar para a estrada? Por dentro, os móveis são rústicos e a decoração conta com elementos que remetem ao Sertão e à Zona da Mata.

Sabor do Sertão Partiu Interior (2)

Opção para crianças
Nos finais de semana e no domingo, o restaurante oferece passeio de charrete para as crianças. A garotada também pode brincar em uma casinha de taipa, enquanto os pais aproveitam as mesas na área externa do Sabor do Sertão.

Para os adultos há também uma lojinha, onde os visitantes irão encontrar artesanato e produtos regionais como queijos, cachaças, mel de engenho, doces, entre outros. Uma curiosidade é que a loja foi fundada 1998, antes mesmo do restaurante, inaugurado em 2002.

Para quem gosta de viajar em grupo ou organizar passeios de moto, bicicleta ou carro, não precisa se preocupar com estacionamento, pois o Sabor do Sertão possui duas áreas amplas (uma antes e uma após a entrada principal).

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Eventos
O Sabor do Sertão também faz agendamento para eventos, como aniversários, noivados e casamentos. O lugar tem capacidade para receber até 90 pessoas.

 

Localização
BR-408, Km 40, em frente à Academia da Polícia Militar, em Paudalho.
Horário de Funcionamento
Terça a domingo, das 6h30 às 16h

Expedição pelos engenhos da Mata Sul de Pernambuco

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Em quase dois anos do Partiu Interior, nós já visitamos, em Pernambuco, cidades do Sertão, do Agreste e de uma parte da Zona da Mata, mas faltava conhecer outra parte, igualmente rica em histórias: a Zona da Mata Sul. A oportunidade veio em 25 de agosto de 2018, quando participamos da Expedição Engenhos da Mata Sul, organizada pelo grupo Passeios Off Road Pernambuco.

Os quatro engenhos que visitamos ficam nos municípios de Escada e Ipojuca, ambos na Região Metropolitana do Recife. O passeio começou pela BR-101 Sul, e depois muita lama, buraco e pedra, uma boa pedida para quem gosta de aventura.

Engenho Limoeiro Velho

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A primeira parada foi em Escada, no Engenho Limoeiro Velho, onde há um belo casarão, cercado por um jardim impecável. Sempre que visito um engenho tento imaginar como aquilo foi planejado, construído, enfim, como foi a vida ali. Desta vez também imaginei que talvez funcionasse bem um hotel fazenda por lá. Quem sabe um dia a gente ganhe na Mega-Sena e…

Engenho Jundiá

Engenho Jundiá

O segundo engenho que visitamos foi o Jundiá, onde o pintor mundialmente conhecido Cícero Dias nasceu, em 5 de março de 1907, e morou até os 13 anos. Eu já sabia que a casa grande estava em ruínas, mas mesmo assim estava ansioso para vê-lo de perto, pois só o conhecia da poesia e da crônica do poeta de Nazaré da Mata, Mauro Mota.

Soneto de Jundiá e Cícero Dias

O engenho, o cabriolé, as arapucas,
o trem, a mata, o sino da capela,
compadre Zuca, a vaca Zeferina,
dezembro das meninas no colégio.

Rio, canas, cajás, canoa, a doida,
o cio da égua, a casa de farinha,
o terraço, o gamão, o avô, o padre,
os cabaços de mel e de mulatas.

Velas, terços, mistérios de botijas,
lobisomem, coruja, noite, rede,
tia Raquel e os medos do menino,

O pastoril da Aurora, os manacás,
galopes do cavalo ruço-pombo,
esporas do meu pai no patamar.

(Do livro: Mauro Mota – 100 poemas escolhidos. Editora CEPE. 2011)

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Engenho União

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Em Ipojuca, visitamos o engenho União, dentro da usina de mesmo nome. Os imóveis e a igreja são bastante preservados, e, no local, está exposta uma locomotiva a vapor bem preservada.

Engenho Gaipió

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Para encerrar o passeio pelos engenhos, visitamos o Gaipió. A estrada de terra até lá é longa, mas com passagens em ponte sobre o rio Ipojuca, áreas de mata preservada e canaviais. Vale a pena apreciar. O engenho é bem bonito, mas o tempo tem deixado sinais de desgaste.

Em nosso canal no Youtube, postamos um vídeo sobre a Expedição pelos Engenhos da Mata Sul. Confira:

 

 

Carnaval em Nazaré da Mata

Olhando as pastas de fotos antigas no computador, me dei conta de que, desde 2012, ir para Nazaré da Mata na segunda-feira de Carnaval tem feito parte da  nossa programação. Não é para menos, para quem gosta de Maracatu Rural (também chamado de baque solto) esse é o melhor dia para visitar a tão querida cidadezinha da Zona da Mata, localizada a cerca de 60 quilômetros do Recife.

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Conhecedor dos carnavais nazarenos desde a infância, posso garantir que a festa tem melhorado nos últimos anos. É sempre bom encontrar o povo na rua para ver os maracatus que passam o ano todo se preparando para mostrar o colorido e a poesia que encantam a tantos turistas. Não preciso nem dizer que as apresentações dos diversos grupos rendem ótimas fotografias, mas uma dica que eu deixo é que você dê uma caminhada pela rua em que os integrantes aguardam o chamado para o palco.

Outra coisa importante é respeitar o espaço dos maracatus durante as apresentações. Canso de ver turistas e fotógrafos ultrapassarem a linha do bom senso em busca das “melhores imagens”. Tudo bem aproximar-se, procurar um ângulo mais legal e rapidamente voltar para a calçada, mas entrar no meio do grupo a ponto de roubar a atenção e até atrapalhar a evolução dos caboclos de lança é bem desagradável.

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PRAÇA DO FREVO
Além das apresentações de maracatu na praça principal, outra opção muito legal é a Praça do Frevo (para os nazarenos, a nossa antiga Praça do Lago). Fica ali pertinho, na rua atrás do palco principal. Lá, além de muitos frevos tocados por orquestras, há toldos para o pessoal aproveitar a sombra ou levar cadeiras, bebidas, comidinhas e fazer seu piquenique de Carnaval.

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FALTA ESTRUTURA
Sempre que vou a Nazaré durante o Carnaval, tento levar alguém para conhecer a festa. Uma reclamação que sempre escuto é a falta de sombras na área em que os maracatus se apresentam, o sol é forte e o calor afasta o público. Falta também um ponto de informação para os turistas que chegam lá desacompanhados.

Outro detalhe é a falta de opções para lanches e refeições perto do centro. Basicamente, se você não estiver afim de consumir comida de rua (cachorro quente, batata frita, pipoca, coxinha e pastel) você poderá ter que procurar matar a fome longe dali. Também incomodou um pouco (neste Carnaval, especificamente) a falta de atenção com a limpeza. Na segunda-feira à tarde havia bastante lixo nos arredores da praça e, depois da forte chuva que caiu, tudo se espalhou pelas ruas.

São apenas detalhes, mas que podem ser facilmente corrigidos. A festa é linda, e vale muito a pena sentir aquela energia única do maracatu rural. E essa energia você só encontra em Nazaré da Mata.

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Cortejo Cultural em Nazaré da Mata

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É sempre bom voltar a Nazaré da Mata, voltar ao bom humor de sua gente, às lembranças da infância e aos costumes que não se perderam. No último domingo, dia 27, foi diferente, ainda melhor: a cidade estava com uma energia boa – algo que não sei explicar –  mas que sem dúvida teve como epicentro o Engenho Cumbe, sede do Maracatu Rural Cambinda Brasileira, e de onde partiu o Cortejo Cultural.

Percebi a diferença logo que cheguei ao Sertãozinho, bairro por onde andei e pedalei toda minha infância. Cadeiras nas calçadas, comida, bebida e música na frente de casa, As pessoas estavam nas ruas, sorridentes, esperando os maracatus passarem. Há quantos anos não via Nazaré assim? No caminho para o Cumbe – lugar que eu só conhecia o nome e a importância histórica e cultural – uma ou outra placa indicava que eu e meu amigo Rafael estávamos indo pelo caminho certo.

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– Bom dia, amigo, engenho Cumbe?
– Pode seguir esses carros aí, direto, o povo tá tudo indo pra lá – responderam os senhores de chapéu, sorrindo e empurrando as bicicletas barra forte na ladeira de terra.

O CD de Wesley Safadão logo foi substituído pelo disco do Maracatu Leão Misterioso e o povo começou a se animar, dar os primeiros passos no chão de terra batida. Uma Catita andava por todos os lados pedindo um trocado, dançava e se jogava no chão, empunhando uma boneca surrada e o gereré. Vez por outra uma criança corria dela, primeiro por susto, depois por brincadeira. Tradição. Todo nazareno que se preze já levou uma carreira de Catita.

a catita olhar

Demorou, mas perto do meio-dia, o povo já quente do sol e da bebida – começou o coco de roda. Poetas locais também declamaram embalados pelo ganzá, caixa e zabumba. Também teve mamulengo para fazer o povo rir enquanto os caboclos se organizavam em uma casa mais distante para dar início ao cortejo.

Vimos o maracatu rural cercado pela cana e pelo seu povo, que estava lá por ele, e não para passar o tempo enquanto não começam as atrações “principais”, como em alguns desfiles de Carnaval. Não havia gola, chocalhos, perucas, nem lanças. O que a gente via era a dança crua dos caboclos, com todos os seus movimentos claros. O que a gente ouvia eram os passos chiados fazendo a mistura entre os seres e a terras, a poeira.

Ensaio pés

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A fome, o calor e os horários nos impediram de continuar para ver o cortejo e a festa no Parque dos Lanceiros. Alguns detalhes com os horários e com a programação talvez precisem de um pouco mais de atenção nas próximas edições, que com certeza estaremos presentes. Vida longa ao Cortejo Cultural, que – antecipo – estará todos os anos no nosso calendário.

É sempre bom voltar a Nazaré da Mata.

caboclo de lança descansando

Rota alternativa dos Engenhos – Parte II

No post anterior, você viu como foram nossas visitas aos engenhos Canavieiras e Poço Comprido, em Vicência, Zona da Mata de Pernambuco. Hoje vamos falar sobre outros três destinos que visitamos naquele mesmo dia: o engenho Iguape, o Várzea Grande e o Cueirinha.

3ª parada: Engenho Iguape

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Cerca de 5 quilômetros depois do Engenho Poço Comprido, você chegará ao Engenho Iguape, nossa terceira parada. Esqueça os canaviais verdes a perder de vista, igrejinhas seculares e lindas paisagens, aqui o principal atrativo é a Casa Grande, que – aliás – surpreende.

O casarão tem cinco quartos com 16 camas, duas cozinhas, uma sala grande e um alpendre com piso de madeira. Parte da decoração é original, como foi deixada pelos antigos proprietários. Os móveis, os quadros, os lustres levam você a imaginar como era a vida naquele lugar e, claro, a se imaginar vivendo ali. O lugar é bem ventilado, mas precisa de atenção a alguns detalhes.

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O engenho Iguape oferece hospedagem/day use, conforme panfleto da Prefeitura de Vicência e como confirmou a pessoa que cuida da Casa Grande. Mas vamos ficar devendo as informações sobre valores e os contatos, pois – assim como aconteceu com o Poço Comprido – os números de telefone que estão nos folders estão desatualizados, e o site está fora do ar. A pessoa que nos recebeu e nos apresentou a casa também disse não saber informar um número que pudéssemos entrar em contato.

4ª parada: Engenho Várzea Grande

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Apenas uma parada para fotografar. É o que você vai conseguir no Engenho Várzea Grande, que fica na BR-408, entre as entradas de Buenos Aires e Vicência. Logo da rodovia você vai perceber que boa parte do engenho está em ruínas, abandonada. A beleza do engenho fica por conta das imensas palmeiras imperiais que compõem a paisagem com a ingreja e casa grande, fechadas.

O acesso ao engenho é sinalizado com placas de turismo, e o caminho da BR até lá em muito bom. Mas não ficamos muito tempo por lá, pois não achamos tão seguro.

5ª parada: Engenho Cueirinha
Nossa última parada não rendeu fotos. Infelizmente, a Pousada Rural Engenho Cuerinha, em Nazaré da Mata, encerrou suas atividades. Uma pena, pois seria uma ótima opção de hospedagem na região, ainda muito carente de hotéis e pousadas. Quem sabe um dia ela seja reaberta? A gente torce por isso.

Volta pra casa
Neste passeio que chamamos de “Rota Alternativa dos Engenhos” vimos de perto parte do potencial do turismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, e o quanto ele poderia ser melhor aproveitado com ações simples como uma simples atualização do material de divulgação, por exemplo, ou talvez com incentivos do poder público, seja com capacitação e formação de pessoal, investimentos em infra-estrutura, linhas de crédito, parcerias, etc.

É muito bonito e nos enche de orgulho ver a imagem do caboclo de lança percorrer os quatro cantos do país e do mundo, levando o nome da Zona da Mata de Pernambuco. Mas Turismo é muito mais que isso, é bem mais que belas imagens em comerciais de TV, e já está na hora de voltarmos as atenções para o interior. É nossa terra e nossa história.

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Confira mais fotos do passeio em nossa página no Facebook e no Instagram.

Rota alternativa dos Engenhos – Parte I

Junte um pouco de coragem, disposição, paciência, água, lanche, boas companhias e um carro com o tanque cheio e pneus calibrados. Isso é basicamente o que você precisa para desbravar a zona rural dos municípios de Vicência-PE e Nazaré da Mata em uma rota alternativa dos engenhos.

Decidimos fazer isso na nossa primeira viagem de 2017 e, em uma manhã, chegamos a cinco engenhos: Canavieiras, Poço Comprido, Iguape, Várzea Grande e Cuerinha. Uma viagem que nos trouxe algumas surpresas e também algumas decepções, mas que vale muito a pena se você quer um dia de aventura.

1º parada: Engenho Canavieiras

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Localizado nos primeiros cinco quilômetros da PE-74, a caminho de Vicência, no lado direito da pista, o Engenho Canavieiras é uma propriedade particular e, infelizmente, não é aberto ao público. Porém, se a proposta é descobrir os engenhos em uma rota alternativa, você vai precisar arriscar.  Peça autorização para entrar e, caso consiga, aproveite para fazer imagens da igrejinha (construída em 1872) e da fábrica.

Conhecemos o lugar porque pelo menos uma vez no ano vamos lá visitar o túmulo do meu bisavô. Quando encontramos a porteira fechada, pedimos autorização a algum morador e explicamos a visita.

2ª parada: Engenho Poço Comprido

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Você certamente já viu alguma imagem deste engenho em materiais que fale sobre turismo rural, história ou Zona da Mata. Não é para menos: construído no século XVIII, o Poço Comprido é o único engenho de Pernambuco tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e preserva a igreja, a casa grande e a fábrica do açúcar. O lugar foi restaurado há alguns anos e virou o Museu Poço Comprido, o problema é quando você tenta marcar uma visita.

Durante uma semana, tentamos ligar para todos os telefones que encontramos nos folders, livretos, revistas e sites que falam sobre o engenho, também mandamos e-mail, mas foram várias mensagens de número inexistente e nenhuma resposta. Fomos assim mesmo e encontramos o local fechado – em pleno mês de janeiro.

Um senhor da comunidade, muito simpático e solícito, fazia a limpeza da área externa e explicou que o lugar estava fechado porque janeiro é tempo de férias escolares, e como a maior parte dos visitantes chega através das escolas, o espaço não abre. Ele também não sabia um telefone atualizado para que a gente pudesse ligar e agendar uma nova visita.

Mesmo assim, do lado de fora, você pode tirar boas fotografias e apreciar as belezas e a tranquilidade do local. Para quem gosta de pegar a estrada de barro, descobrir novos caminhos e ter boas imagens como recompensa, vale muito a pena o passeio.

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Estar lá é um misto de felicidade – por ver que o engenho está conservado e em condições de receber os visitantes – e de frustração, por perceber que isso é tão difícil por falta de atenção e de políticas públicas voltadas para o turismo rural e pedagógico.

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No próximo post falaremos sobre os engenhos Iguape, Várzea Grande e Cueirinha.

Confira mais fotos do passeio em nossa página no Facebook e no Instagram.

 

Rota dos Engenhos: Água Doce, cachaças e licores

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Se você deseja conhecer um engenho e acompanhar de perto a produção de uma boa cachaça artesanal, vale a pena conhecer o Engenho Água Doce, em Vicência-PE. Já fomos lá algumas vezes para visitar e para comprar cachaças e licores, e voltamos lá em novembro com mais dois amigos, para o #PartiuInterior.

O engenho é bem organizado e você vai aprender, com muita clareza, cada etapa da produção da cachaça, desde a origem da cana até o armazenamento e engarrafamento dos produtos. Dessa vez, quem nos explicou tudo foi o proprietário, Mário Ramos Andrade.

A visita começa pela área de moagem da cana, que é produzida sem agrotóxico e sem adubo químico. Depois, o visitante é levado a conhecer o processo de fermentação e a destilação, feita em alambique de cobre. Aqui, um detalhe: o fogo utilizado nessa fase da produção é alimentado pelo próprio bagaço da cana.

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O passo seguinte é conhecer a área de armazenamento e envelhecimento (para entender a diferença, clique aqui) da cachaça. Essa fase é determinante para a cor e o sabor da bebida, então, vale a pena ficar atento às explicações e tirar todas as dúvidas.

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O Engenho Água Doce produz três variedades de cachaça: a Prata (armazenada em barris de freijó), a Ouro (envelhecida em barris de carvalho) e a Premium (envelhecida em barril de carvalho por oito anos), que hoje é vendida exclusivamente no engenho. Também são fabricados licores de vários sabores, como cajá, banana, limão, mel de engenho, jenipapo, cachaça, entre outros.

Você pode experimentar todas as variedades de cachaça e licores no bar/loja, última etapa da visitação. Lá também é possível comprar produtos como mel de engenho, rapadura, açúcar mascavo, kits especiais para presentes e barris de 1,5l a 5l, para você envelhecer sua bebida em casa.

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Foi em uma visita ao Engenho Água Doce, há cerca de dois anos, que aprendi as primeiras coisas sobre produção artesanal de cachaça e lá comprei minha primeira garrafa, uma Ouro (670ml). É um ótimo destino para quem quer começar a viajar no mundo das cachaças artesanais.

FÁCIL DE CHEGAR
Quem vai do Recife, basta seguir pela BR-408, passa por Carpina, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Buenos Aires e pegar a PE-74. No quilômetro dez, pouco depois da área urbanizada do município, você verá o Engenho à esquerda. Não tem erro.

CONTATOS
O site é o www.engenhoaguadoce.com.br e o telefone é o (81) 3641.1257.  O Engenho Água Doce não tem página no Facebook, mas tem no Instagram: www.instagram.com/engenhoaguadoce

Rota dos Engenhos: as belezas de Jundiá

No sábado pela manhã, saímos de casa cedo com a intenção de revisitar quatro engenhos no município de Vicência, a cerca de 83 quilômetros do Recife, na Zona da Mata de Pernambuco. A ideia era apresentar os engenhos a dois amigos que nos acompanhavam nesta viagem, e voltar no final da tarde. Mas ficamos tão encantados com as belezas e as histórias do nosso primeiro destino, o Engenho Jundiá, que fomos ficando, ficando, ficando… a manhã toda.

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A propriedade surgiu no ano de 1750, e o engenho, em 1817. A capela de Nossa Senhora da Conceição é de 1905, e na década de 1930 foi parcialmente destruída por um raio e precisou ser reconstruída.

Considero o Engenho Jundiá um dos principais e um dos melhores destinos para o Turismo Rural na Mata Norte. O conjunto arquitetônico do século XIX é encantador, assim como a bela vista da serra, que você pode apreciar do alpendre da Casa Grande, sentada(o) em uma cadeira de balanço.

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Conhecer a Casa Grande, aliás, é conhecer um pouco da história de Pernambuco e, claro, da família Correia de Oliveira Andrade, a quem a propriedade pertence desde 1879.

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Minhas primeiras lembranças do engenho são de ainda criança, quando fomos eu, meus pais, meus irmãos e minha tia ver uma competição de Voo Livre. Voltei lá diversas vezes ao longo dos anos, sempre acompanhando meu pai, que vai lá a trabalho ou para visitar o proprietário. Então, voltar ao engenho num final de semana com meus pais e com os amigos é uma oportunidade de reviver essas histórias da infância e compartilhá-las.

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OPÇÕES
As/os visitantes têm duas opções para conhecer o Engenho Jundiá. Na Visitação (R$ 20), é possível conhecer a Casa Grande, a Casa de Purgar (original, de 1817) e tem um lanche regional de boas-vindas, servido próximo a um belo jardim. Tem também o Day use (R$ 60), que inclui essas atividades da visitação, mais caminhada ambiental, trilha até o Pico do Jundiá (onde fica a capela de Nossa Senhora da Conceição) e almoço.

Lembre-se de que é preciso agendar. Você pode fazer isso através dos telefones (81) 9.9982.6111 e (81) 9.9235.1312, ou pelo e-mail engenhojundia@hotmail.com.

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CURIOSIDADES
A casa de purgar preserva a arquitetura original, além dos equipamentos para a fabricação do açúcar.

Na entrada da propriedade existe um pé de Sapucaia (árvora nativa da Mata Atlântica) que tem entre 350 a 400 anos, de acordo com o proprietário do Engenho. Você vai notá-la também em algumas fotos antigas da famílias que fazem parte da decoração da Casa Grande.

Uma das imagens da capa do nosso blog foi feita lá da pista de vôo livre, no Pico do Jundiá (470m) , há pouco mais de um ano.

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MORAL DA HISTÓRIA
Tivemos uma pequena lição nesta visita ao Jundiá: não adianta tentar fazer Turismo Rural nas pressas. A gente nunca conseguiria conhecer bem os quatro engenhos em poucas horas. Então, o melhor é se planejar e curtir cada momento do passeio, sem pressa.

Só tivemos tempo de almoçar e ir para outro Engenho, o Água Doce, que você vai conhecer no nosso próximo post. Até lá!