Roteiro: Dois dias em Petrópolis (RJ)

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Eis que o Partiu Interior chegou à 20ª viagem, e atingimos essa marca visitando a linda e histórica cidade de Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, e a 66 km da capital fluminense. A chamada “Cidade Imperial” foi fundada por Dom Pedro II, a mais de 800 metros acima do nível do mar, para que a família imperial pudesse passar o verão longe do calor do Rio de Janeiro, e hoje é um dos principais destinos para quem quer curtir o frio, aprender muito da história do Brasil e aproveitar as boas comidas e bebidas.

Nós estivemos lá entre os dias 21 e 23 de agosto (pouco mais de 50 horas), e aproveitamos muito bem a cidade. Visitamos museus, cervejaria, restaurantes, igreja e palácios, vimos  casas de pessoas que mudaram a história do país, assistimos a dois espetáculos e – de quebra – ainda pegamos um frio de 11ºC.

Para você que planeja viajar à Petrópolis, compartilhamos abaixo algumas dicas de lugares que não podem faltar no seu roteiro.

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COMO CHEGAR?

Para chegar a Petrópolis de ônibus é preciso ir até a rodoviária Novo Rio, no bairro de Santo Cristo. Essa foi a opção escolhida por nós, mas no caminho mudamos de ideia e negociamos com o motorista do Uber que nos levaria do aeroporto até o terminal. A viagem saiu por R$ 150, o que pode parecer caro à primeira vista, mas não é: se você somar o valor do Uber ao aeroporto à rodoviária, o valor de duas passagens do Rio à Petrópolis e o valor do Uber da rodoviária de Petrópolis até o hotel (no centro), a diferença é pouca.

A volta foi simples: pegamos o Uber até a rodoviária (cerca de R$ 18) e o ônibus da Única até o terminal da Barra da Tijuca (mais R$25 por pessoa). O ônibus é confortável e limpo, e a viagem bem tranquila.

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QUANDO E O QUE VISITAR?

Petrópolis é mais procurada pelos turistas e visitantes nos meses de junho, julho e agosto, devido ao frio, e é nesse período também que acontecem festivais de artes e música. Então, vale a pena planejar a viagem com antecedência e se preparar para as baixas temperaturas, algo perto dos 8º C.

Outra dica legal é escolher um hotel ou pousada perto do centro da cidade, pois é lá que está a maioria dos atrativos turísticos, então você poderá fazer praticamente todo o percurso caminhando. Dos locais que listamos abaixo, você só precisará se deslocar de carro para o Quintandinha.

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Museu Imperial

Não dá para ir em Petrópolis e não visitar o Museu Imperial. O local, que foi o palácio de veraneio de Dom Pedro II e da família real, hoje abriga um dos mais importantes arquivos históricos do Brasil. A visita é uma viagem no tempo, para o período do segundo reinado, e dura cerca de 1h30 a 2 horas. É preciso calçar as famosas pantufas, para preservar o piso, e não é permitido fotografar. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5. Uma pena que não há visita guiada.

O museu possui outras duas áreas de visitação: a Sala da Batalha de Campo Grande (com o quadro de Pedro Américo que dá nome ao espaço) e o Pavilhão das Viaturas, com diversas carruagens do século XIX. Também há uma programação com dois espetáculos, de quinta a domingo: a peça teatral Um Sarau Imperial e o Som e Luz, este apresentado no jardim do palácio. Vale muito a pena assistir aos dois, e o museu vende pacotes completos (Museu+Sarau+Luz e Som) a partir de R$ 18,00.

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Cervejaria Bohemia

O Tour Cervejeiro da Cervejaria Bohemia é, sem dúvida, um dos passeios mais legais. A visita custa R$ 39 e R$ 19 (meia-entrada) e já começa com uma degustação, para dar as boas-vindas. Depois, os visitantes viajam pela história da cerveja no mundo e no Brasil, a história da cervejaria, seus prêmios, e, em seguida pelos ingredientes que compõem a bebida, com diversas experiências sensoriais. A produção e os tipos de cervejas também são detalhadamente explicados no tour pela fábrica, de onde saem somente os rótulos especiais da marca. Após mais duas degustações, uma loja espetacular onde você encontra não só as cervejas da Bohemia como uma infinidade de lembrancinhas, assessórios e produtos locais.

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Quitandinha Petrópolis

Quitandinha

O Palácio Quitandinha certamente será uma das primeiras belíssimas construções que você verá ao chegar em Petrópolis. Construído pelo empresário Joaquim Rolla no final dos anos 30, o hotel foi inaugurado em 1941 para ser o maior centro internacional de turismo do Brasil, que reuniria grandes produções artísticas, atividades esportivas, cassinos e serviços de hotelaria de primeira linha. Com a proibição dos jogos de azar no Brasil em 1946, o hotel manteve-se como pode até ser vendido para servir de moradia e para realização de eventos como congressos, concursos de miss, locação de cinema e bailes carnavalescos. em 2007 a parte de convenções foi comprada pelo Sesc, que hoje abre para visitação. Um passeio que você não pode perder.

Você poderá visitar praticamente todas as dependências dessa parte do hotel: salão de jogos, biblioteca, auditório, teatros, sala de imprensa, varanda, cozinha, piscina… Existem duas opções de visita: a guiada e a áudio-guiada, em que você recebe um aparelho e um fone descartável, e basta digitar o número correspondente à sala em que você está e curtir a explicação. Os ingressos custam R$ 20 e R$10 (meia entrada).

Você precisará ir de carro, pois o Quitandinha fica na entrada da cidade, um pouco distante do centro.

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Casa de Santos Dumont

A “Encantada” foi idealizada pelo Santos Dumont para ser seu lugar de descanso no verão. A casa ficou pronta em agosto de 1918 e, em um pequeno espaço, apresenta inovações e curiosidades que só comprovam a genialidade do “Pai da Aviação”, desde a escadaria na entrada até o banheiro, além do observatório construído no teto.

Atualmente o museu Casa de Santos Dumont recebe cerca de 15 mil visitantes por mês, e funciona das 9h às 17h, com os ingressos a R$ 8 e R$ 4. A visita não é guiada e, por ser muito frequentada, é até um pouco corrida. Ficamos um pouco decepcionados porque além da ausência de guias, não há informativos para leitura, então, se você não souber um pouco das histórias do aviador e da Encantada, ou se não der a sorte de encontrar com um grupo que esteja em excursão com guia, você ficará “voando” dentro da casa.

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Palácio de Cristal

O Palácio de Cristal fica bem próximo à Cervejaria Bohemia, dá para ir caminhando tranquilamente. A dica é visitar a praça do palácio enquanto espera a cervejaria abrir, foi o que fizemos.

Trazido da França a pedido do Conde D’Eu para presentear a Princesa Isabel, o Palácio de Cristal foi inaugurado em 1884. A estrutura é inspirada nos palácios de cristal de Londres e do Porto, e em 1938 as paredes foram cobertas por folhas de flandres e tijolos para abrigar o Museu Histórico de Petrópolis. Em 1967 o lugar foi tombado pelo Ipham, mas as paredes continuaram cobertas até a década de 1980, quando foram substituídas por vidro, semelhante às originais. Foi restaurado e reinaugurado em 1998.

De acordo com nossas pesquisas, o Palácio ainda é utilizado para eventos, mas no dia que fomos era apenas um espaço vazio, bom para fotos externas. A entrada é gratuita.

Casa de Rui Barbosa

Casas e Palácios

Além da Encantada, você só precisará caminhar pelas ruas de Petrópolis para encontrar muitos palácios e casas lindas ou que pertenceram a personalidades importantes da nossa história. Tem a casa da Princesa Isabel, a casa de Ruy Barbosa e diversas outras, tombadas e sinalizadas com um pouco da história de seus antigos donos. É interessante que vários estabelecimentos hoje funcionam nessas casas.

Outra casa interessante para visitar é a Casa de Cláudio de Souza. A residência foi construída no século final do XIX e em 1956 a casa foi doada à União pela viúva do acadêmico, dona Luíza Leite de Souza, assim como seu acervo de livros, fotos, móveis, roupas, acessórios. Está tudo lá exposto, então, vale a pena conferir como era uma casa do início do século XX.

Lamentamos, mais uma vez, a visita não ser guiada. Mas tivemos a sorte de visitar a Casa Cláudio de Souza no dia do ensaio da Camerata Petrópolis. O grupo de jovens músicos ensaia lá todas as quintas-feiras, das 14h às 17h30.

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Catedral e Praça da Liberdade

A Catedral de São Pedro de Alcântara já fazia parte do plano de urbanização de Petrópolis elaborado Major Júlio Frederico Köeller em 1843, mas só foi construída em 1844. É lá que estão, desde 1939, os túmulos de D. Pedro II e D. Tereza Cristina e também onde foram sepultados, em 1971, os restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. A igreja, no estilo neogótico, é aberta à visitação.  Possui belos vitrais que rendem lindas fotos (sem flash, por favor). A dica é conhecer o prédio e seguir caminhando pela Avenida Köller apreciando os casarões históricos e palácios (muitos já cenários de novelas, série e filmes) até a Praça da Liberdade.

A Praça da Liberdade é um lugar histórico. Chamava-se Largo Dom Afonso (em homenagem ao primogênito de D. Pedro II), mas foi rebatizada com o nome pelo qual é conhecido até hoje por ser o lugar onde os ex-escravizados se reuniam para comprar a alforria dos companheiros que ainda eram vítimas da escravidão. A praça é o ponto de convergência das principais avenidas da cidade e é estratégica para o turista, pois de lá você chega caminhando nos principais pontos turísticos como, por exemplo, Casa do Santos Dumont, Museu de Cera, Museu de Porcelana, Casa de Cláudio de Souza, Cervejaria Bohemia, além de galerias, restaurantes e cafés.

Rua 16 de Março e Rua Teresa

A Rua 16 de Março é a mais legal do centro. Tem cafés, livraria, padaria, bares, lojas de roupas e acessórios, chocolateria e tem a Casa do Alemão, onde você não pode deixar de provar o croquete de carne e o sanduíche de linguiça. Perto dos pontos turísticos, com calçadas amplas, jardins, muita gente e pouco carro, a Rua 16 é fácil de achar, pois é identificada com portais e os estabelecimentos estampam, nas vitrines, adesivos em apoio ao projeto que requalificou a rua.

A Rua Teresa é o lugar certo para quem quer comprar roupas. Lá estão várias lojas e confecções  e, pesquisando, você consegue peças de boa qualidade a preços muito bons. Essa rua nos salvou do frio, pois, como recifenses acostumados ao mormaço, estranhamos (e muito) o frio.

 

DOIS DIAS É O BASTANTE?

A gente sempre tem muito cuidado em seguir ou, depois, em apresentar roteiros que podem ser feitos em poucos dias, pelo simples fato de que a viagem é feita pelos viajantes – e estes podem estar mais dispostos ou mais relax. Em Petrópolis, se sua intenção for conhecer com calma os principais atrativos turísticos, dois dias serão suficientes, mas sem muito tempo para descanso.

Já para quem quer curtir o frio, descansar, vivenciar mesmo cada detalhe da cidade, vale a pena ficar mais dias, afinal há muitos outros atrativos na cidade que não tivemos tempo de conhecer. Vale lembrar, ainda, que algumas pessoas fazem o “bate-volta”, mas as visitas serão apressadas e superficiais, e o passeio poderá ser bem cansativo.